quarta-feira, 30 de novembro de 2005

Greve e cacete

... "Cacete" era o que merecia por ter esquecido de "postar" a crónica da semana passada... estive de "greve"... mas pronto aqui vai na mesma!
El Greco
Tive de mudar de avião em Paris e quando sai do aeroporto vi uns homens a queimar uns carros. Pensei cá para mim que era um bocado estranho, mas pronto, são culturas diferentes. Agarrei no meu isqueiro e desatei a largar fogo a um automóvel que estava ali à mão. Achei que fosse um costume qualquer ali daquela zona, sei lá.
1- Esta foi uma semana muito atarefada para os Tunalhos. 75% de nós teve de se ausentar de São Miguel em trabalho, enquanto que os restantes 25% mantiveram-se na ilha a tentar deixar de fumar (umas estatísticas dão sempre um ar erudito a qualquer crónica, não acham?).
Um foi para Inglaterra, outro para o Faial e o último para Bruxelas. De Inglaterra e Faial, nenhuma história de relevo a registar (tirando o facto de se pagar 9 euros por uma bifana em Londres), mas devemos confessar que o nosso outro amigo viveu uma situação deveras caricata em Paris, já que teve que lá parar a caminho de Bruxelas.
Ora aqui vai o relato do sucedido na primeira pessoa: “Tive de mudar de avião em Paris, e quando sai do aeroporto, vi uns homens a queimar uns carros. Pensei cá para mim que era um bocado estranho, mas pronto, são culturas diferentes. Agarrei no meu isqueiro e desatei a largar fogo a um automóvel que estava ali à mão. Achei que fosse um costume qualquer ali daquela zona, sei lá. No Hawaii dão colares de flores aos turistas, em Paris queimam carros. Cada país com a sua tara. O problema foi que depois apareceu um polícia com um cacete que me começou a espancar. E então aprendi um pouco mais cobre a cultura parisiense, porque sempre soube que eram muito famosos pelos seus cacetes, mas pensava que era o pão. Afinal aprendi que o cacete não era pão de comer, mas sim pão de levar porrada, já que o polícia chegou ao pé de mim, levantou o cacete e pão, pão, pão!!”.
Por isso aconselhamos aqueles que viajam a conhecer um pouco da cultura do país para onde se dirigem antes de partirem. Vão ver que a viagem vai correr um pouco melhor.

2- Portugal é oficialmente a capital europeia das greves.
Vive-se hoje um ambiente generalizado de Grevelite Aguda, doença desde sempre muito comum entre os professores. Actualmente, se o chefe diz que é preciso fazer horas extraordinárias, faz-se greve. Se falta uma caneta no escritório, faz-se greve! Se está sol e trouxemos camisola de gola alta, é greve para os queixos.
Agora até os alunos fazem greve porque, se o professor faltar, têm que permanecer na sala durante o período da aula com um docente substituto.
Daqui a uns dias, os pais vão fazer greve também, já que se os filhos tiverem de ir para casa quando o professor faltar, isto vai representar custos extra para os progenitores. É luz que se gasta, é o consumo de água que aumenta, já para não falar no desgaste dos sofás se o adolescente decidir levar a namorada consigo.
E se os pais fizerem greve, as empregadas domésticas fazem gazeta também por terem de trabalhar a dobrar no dia em que os patrões estão em casa de greve. E em seguida a família da empregada doméstica faz greve porque ela exige que lhe limpem a casa no seu dia de “férias”. E depois os cães e gatos fazem greve por terem de ficar no quintal enquanto decorrem as limpezas.
Pelas nossas contas, esta situação é uma bola de neve que vai culminar no dia 12 de Setembro de 2006, dia em que o país inteiro pára porque toda a gente está de greve por alguma razão que não lembra ao diabo... 12 de Setembro de 2006? Eh pá, logo nesse dia! Que azar! Então não é que tínhamos combinado para esse dia o início das férias num cruzeiro? Ah, o Cruzeiro não é Português?! Pronto, então assim está bem!
In Azórica nº 27, Jornal dos Açores, Edição de 19 de Novembro, 2005

sexta-feira, 18 de novembro de 2005

Isto é d´arder

Falemos das motivações que estão por detrás dessas manifestações calorosas e contagiantes em Paris que, à falta da madeira – sempre achámos que nunca se devia ter destruído a floresta de Paris - queimam os carros para proporcionar o aquecimento de um Inverno que muito promete.
1 -Meus amigos, vamos desvendar aqui um segredo: os Tunalhos estavam a planear fazer uma surpresa às suas mulheres, nomeadamente levá-las numa viagem a um sítio romântico. Pois bem, acertaram… Paris, a cidade luz, que nos dias de hoje brilha tanto que até ofusca, ou então, ofusca tanto que até brilha. Resolvemos adiar. Não sabemos muito bem porquê, até tínhamos à nossa espera no Continente 2 BMW novos oferecidos pelas Selecções do Reader’s Digest prontos a usar. Enfim, teríamos gostado de experimentar, pela primeira vez, um jantar à luz das velas … dos carros a arder, mas depois achámos que o melhor era ficar aqui a apanhar com os sismos que sempre é mais seguro.
Portanto, férias de surpresa para as nossas meninas, agora …deixa cá ver, Amã, não, Sharm-El-Sheik, não, Bali, humm… é melhor não…talvez Cancun. Mas também já ouvimos dizer que costumam andar para lá umas Wilmas e mais não sei quem, que costumam “alevantar” cabelos e destruir tudo!

2 - Mas falemos então das motivações que estão por de trás dessas manifestações calorosas e contagiantes que, à falta da madeira – sempre achámos que nunca se devia ter destruído a floresta de Paris - queimam os carros para proporcionar o aquecimento de um Inverno que muito promete. Há quem diga que isto é uma crise - não o será certamente para o ramo automóvel – de motivos profundos – pelo menos a razia é bem profunda - e que o seu prolongamento é da culpa do ministro do interior francês que apelidou os manifestantes de “escumalha”. Agora é só ver: tudo se espraia em efeito de bola de neve e já transbordou – gostamos deste verbo e de alguns substantivos da família - para outras paragens. Portanto as motivações são … nenhumas?! Ah…pronto…está bem, então os jovens estão sem fazer nada e isto é só para se entreterem! Ah, não?! Ok, certo, ninguém olha para eles, não há apoio social, não há integração. Pronto, esta é a melhor explicação, porque aquela de se lhes chamar um nome feio, não colava muito bem. Senão no nosso país, com tanto nome que na estrada chamamos uns aos outros, era ver o pessoal, todos os dias, a queimar carros. E é assim que vamos caminhar unidos para uma Europa, não das Nações, mas sim uma Europa das Combustões múltiplas e integradoras.
Nós estamos agora é com algum receio. Enfim, costumava-se dizer que chique era falar francês e tocar piano e agora não sei se a nossa juventude, influenciada pelos ventos culturais dessa Europa da frente, não vai querer também imitá-los culturalmente. Algum dia estamos a ver no nosso país marginais a riscar carros, ou a incendiar coisas, ou nas nossas ilhas os repatriados começarem a fazer coisas dessas para depois a gente os expulsar para o seu país de origem, onde viveram a infância e onde foram educados.

3 - Por causa destas notícias estávamos nós a fazer um zapping e parámos momentaneamente no “cofre”, o concurso da RTP, apresentado pelo Jorge, o Gabriel, e ficámos escandalizados com aqueles esquemas que se costumam engendrar para que o Zé povinho fique de plantão a ver os programas. Então era assim: o people que quisesse participar no jogo de casa, para ganhar um leitor de DVD’s, tinha que responder pelo telemóvel a uma questão que era “Quantos dias tem uma semana”. Ora isto não se faz. Não é eticamente aceitável nem concebível do ponto de vista epistemológico e ontológico! A televisão, que é um serviço público, deveria perceber que o nível intelectual do nosso país ainda não é tão elevado para que a maioria da população pudesse responder a questões filosóficas dessa índole. Isto é d’ arder!
In Azórica nº 26, Jornal dos Açores, Edição de 12 de Novembro, 2005

Assessoria - só mais uma















Portanto, é uma nomeação para um trabalho muito especial: prestar assessoria na manutenção dos conteúdos... não é para a "própria" fazer a manutenção/actualização do site... Sim, porque se fosse para isso o vencimento teria que ser outro!
Mais, a nomeação é válida (só) pelo período de um ano ... renovável tácita e automaticamente por iguais períodos. Aquela do "podendo ser revogada a todo o tempo" é só para disfarçar, né?
Como o trabalho é precário e por pouco tempo, acho que está justo, o que vindo do ministério da Justiça está coerente! Força Sr. Ministro, mostre a ética e o sentido de dever a esse pessoal que só quer fazer greve!O Despacho está muito bem conseguido! ... da-de
El Greco

segunda-feira, 7 de novembro de 2005

PROME(R)DIA p´ra isto?!...

"Doce ou partiiida?"
Nós, sempre estudiosos e numa busca incessante pelo conhecimento, decidimos avaliar as dissemelhanças entre as várias zonas de S. Miguel através dos mais pequenos e descobrimos que a tradição do "Trick or Treat", típica do Halloween, (a)varia de terra para terra.
1 - Quer queiramos, quer não, os Açores são um mini “melting-pot” no meio do Atlântico. Micaelenses são diferentes dos terceirences, graciosenses diferentes dos picorotos, florentinos dos corvinos, etc. Mesmo dentro de uma ilha, as diferenças entre localidades são por vezes abismais, cultural e socialmente. Por vezes, as disparidades vão até à própria pronúncia que evoluiu de maneira diferente ao longo dos tempos e consoante a localidade.
Estas diferenças culturais são visíveis, inclusive, no “Halloween”, costume americanizado que cada vez mais substitui o nosso já pouco católico “pão por Deus”. Isto das tradições culturais versus globalização tem muito que se lhe diga. São uma faca com dois “legumes”, como diria o Pacheco, esse grande intelectual da bola.
Nós, sempre estudiosos e numa busca incessante pelo conhecimento, decidimos avaliar estas dissemelhanças e descobrimos que a tradição do “Trick or Treat” (a)varia de terra para terra.
Em Ponta Delgada, batem à porta e dizem “doce ou partiiida”. Mas por exemplo, ali para os lados da Calheta, que também é Ponta Delgada, quando um colega nosso abriu a porta, só viu uma faca e alguém gritar “um doce ou a vida!”.
No Livramento, ouvimos “hê senhora, dá-me um rebuçado, vá lá, vá lá!”, mas em São Roque, mesmo ao lado, quando a mãe de um colega nosso abriu a porta ouviu “hê senhora, o meu pai já gastou o Rendimento Mínimo numa Playstation e agora a gente não tem dinheiro para comprar rebuçados, tenha pena de nós. Uns Ferrero Rochês ou uns Mon Chéries devem dar”.
Finalmente, na Candelária é “Pão por Deus, queira Deus / Ponha a tia na saquinha / Seja tudo por Amor de Deus” e, em Rabo de Peixe, a batida na porta é seguida por “não queres dar um doce? Arrebento-te toda!”. A variedade cultural micaelense é uma coisa muito bonita!

2 - Também não se sabe muito bem se vai ser uma doçura ou uma travessura a mudança nos financiamentos aos OCS regionais anunciada pelo governo. O novo Programa de Apoio à Comunicação Social está em discussão e tem levantado ondas de descontentamento ao ponto de já ser designado por muitos de PROME(R)DIA. Nós associamo-nos a essa onda de contestação porque, como cronistas, estamos solidários com os restantes colegas. Não queremos ser os bodes “respiratórios” dos problemas da Região. Não vamos admitir o desaparecimento dos apoios básicos à compra de papel para impressão dos jornais (vai-se escrevinhar onde? Nas paredes, nos wcs… nos rolos de papel higiénico?). Não vamos permitir o fim do apoio nas despesas de acesso às fontes de informação (até porque as nossas fontes trabalham em condições miseráveis, às vezes na rua, outras vezes nas esquinas ou em cubículos onde mal entra a luz).
Dispensamos as novas formas de ajuda para a aquisição de equipamentos e programas informáticos! Já toda a gente tem computadores e software pirateado. Queremos manter vivas as edições “imprimidas”, “impressadas” (raios, onde é que está o dicionário?)! Os novos produtos multimédia ou meios de informação on-line, esses não prestam, têm vírus e falta-lhes o cheiro das tintas e … não servem para embrulhar os chouriços fumados das nossas avós... Quanto ao apoio à formação profissional acham que é preciso mais? Então com tanto curso na U.A de comunicação e afins. Agora só falta é praticar, acompanhando o governo nas visitas oficiais!
Nós somos um grupo muito simpático e “hospitalar”, mas quando a mostarda nos chega ao nariz, pensamos logo ou é hambúrguer ou cachorro quente. Vamos aguardar livres e serenos, mas haja o que “hajar” não nos hão-de calar (só se … pronto nada!).
In Azórica nº25, Jornal dos Açores, Edição de 5 de Novembro, 2005

domingo, 6 de novembro de 2005

O carro, a unha e o cigarro

Hoje os Tunalhos vão partilhar consigo, caro leitor, aquela que foi mais uma típica semana para quem faz parte deste bonito, animado, inteligente, engraçado e humilde grupo. No meio de toda a agitação, tivemos de ir com o carro à inspecção, um de nós deixou de fumar (outra vez) e outro foi arrancar uma unha do pé.


1 - Hoje é Sábado, o último dia da semana, e os Tunalhos, fartos de andarem ensimesmados, vão partilhar consigo, caro leitor, aquela que foi mais uma típica semana para quem faz parte deste bonito, animado, inteligente, engraçado e humilde grupo.
No meio de toda a agitação, tivemos de ir com o carro à inspecção, um de nós deixou de fumar (outra vez) e outro foi arrancar uma unha do pé.
Começando pelo princípio, fomos com o "Tunalhómóbil" ao IPO... não, não foi ao Instituto Português de Oncologia, mas sim à Inspecção Periódica do Otumóvel. Aquilo até tem a sua piada, com aquelas máquinas e tudo. Logo no início enfiam uma mangueira no cano de escape da viatura (oxalá esta frase não seja lida pelo Esquadrão G, senão o(a)s tipo(a)s vão já para a inspecção!). Depois há o estudo dos faróis, travões e pneus e, no fim, passam um papelinho com a avaliação do bólide.
Ora, nós pensámos que também seria muito interessante se fosse obrigatório outras coisas, para além dos carros, irem periodicamente à inspecção. Um casal, por exemplo, depois de 4 anos de casamento devia ser inspeccionado com o mais rigoroso protocolo. Primeiro a análise do "tubo de escape", que podia ser um pouco dolorosa. De seguida a análise dos "faróis" da mulher, o "amortecedor" do homem e por fim os travões. Até já estamos a ver o inspector no fim:
"- Está tudo bem, mas o senhor tem aqui uns problemazitos no escape...
- Isso é da feijoada!
-... a sua esposa é que ‘tá aqui com os "faróis" desalinhados e por isso vai ter de ir prá oficina."
Dias mais tarde chega o homem ao emprego:
"- Então onde está a tua mulher?
- Divorciei-me dela... não passou na inspecção!"
Problema resolvido e mais um casal feliz.


2 - Já o problema da unha foi outro evento desta semana dos Tunalhos. Aquilo, para além de doer que se farta, fez de um de nós um desunhado, ou seja, um tipo com 20 dedos e 19 unhas. Aquilo dói tanto, mas tanto, que achamos que se devia castigar as aves que andam para aí a espalhar a gripe, arrancando-lhes as unhas dos pés. Elas assim iam aprender! Aliás, isto é triste, porque quando éramos putos, as avós faziam canja de galinha para que ficássemos sem gripe, hoje em dia quem come a canja é que apanha a gripe... onde é que isto vai parar? Anda o mundo às avessas.
No continente já foram detidas várias aves, incluindo galinhas, perús, gambuzinos, frangos e, é claro, o Ricardo, guarda-redes da selecção.


3 - Por fim, um de nós deixou de fumar... pela 7ª vez. É uma tentativa louvável, que já dura há 15 dias. No entanto tem enfrentado algumas dificuldades, nomeadamente ao nível da alimentação e da vida amorosa.
Ao nível da alimentação, a ausência do cigarrito levou-o a atirar-se mais à comida e em doses familiares, o que fez aumentar o seu peso e conduzirá à pouco salutar obesidade. É só uma questão de tempo...
No que concerne à vida amorosa, digamos apenas que esta deixou de existir. Porquê? Porque no fim de fazer o chamado "amor" dá sempre vontade de dar uma passita. Ora se já não se fuma, já não se dá passita nenhuma, logo também não se faz mais o "amor".
Conclusão: deixar de fumar pode ser nocivo para a sua saúde e para a dos que o rodeiam.

In Azórica nº 24, Jornal dos açores, Edição de 29 de Outubro 2005

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