terça-feira, 25 de outubro de 2005

A Gripe das Aves e a Corrupção

Tivemos conhecimento de várias diligências de recolha de prova junto de instituições financeiras, relacionadas com suspeitas sobre a prática de crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais. Já estamos a ver os investigadores da polícia judiciária, assim, mais ou menos a sério e mais ou menos a brincar: “ Então pá, já falaste com o teu banco?”, “Não, falei com o teu!”


1- Caros leitores, vamos hoje falar de um assunto que começa a ter a maior atenção em termos de saúde pública. Estamos a referirmo-nos à gripe das aves que é uma doença contagiosa causada por vírus que infectam… portanto… as aves e também os suínos… e parece que também afectam os seres humanos.
Neste último caso, a estirpe conhecida como H5N1 (portanto, em cada 5 Homens, Nem 1 escapa) é a mais alarmante e é a causa da maioria dos surtos. Infelizmente, não são afectadas só as aves raras - que falávamos em anterior crónica - , mas são afectadas todas, com especial incidência, as aves de capoeira, muito vulneráveis, pelo que podemos estar perto de uma epi… pan… demia (“epi” de épica ou talvez de epicentro; “pan” de panegírica e/ou pan-Europeia, ou seja paira elogiosamente por cima da Europa; e “demia”... bom, é uma questão de irem ver ao dicionário).
Uma das formas de manifestação da doença são as alterações nas penas - o que dá a entender que os suspeitos da casa Pia já estão infectados. É altamente contagiosa e rapidamente fatal, com uma morbilidade de quase cem por cento. As aves podem morrer no mesmo dia em que os primeiros sintomas aparecem. Pois, e onde é que está a piada disto?
Isto é muito grave! É que a partir de agora, na via pública, vamos desejar, mais do que nunca, que nunca nos caia um cocó de pomba em cima… se dantes dava para rir, agora pode dar para morrer!

2- Quem também progride, de maneira altamente contagiosa, tal e qual a gripe das aves, é a corrupção. Segundo o Índice de Percepção da Corrupção (sabiam que há estudos destes?), divulgado nesta semana pela Transparência Internacional, Portugal é o terceiro país mais corrupto da Zona Euro. Vergonhoso, muito vergonhoso!
Contudo, dos 159 países analisados, Portugal subiu uma posição (para melhor) face a 2004, ocupando a 26ª posição. Numa escala de zero a dez, Portugal recebeu a classificação de 6,5 pontos. Ora sabendo-se que 2 terços dos 159 países obtiveram uma nota inferior a cinco, indicando elevados níveis de corrupção, até que tivemos uma posição honrosa o que obviamente não deixa de ser uma boa notícia! O que interessa é a posição em termos mundiais. A posição na Europa é de somenos importância.

3- Também, nesta semana, tivemos conhecimento de várias diligências de recolha de prova junto de instituições financeiras, relacionadas com suspeitas sobre a prática de crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais. Crimes que apontam para um prejuízo causado ao erário público, nos últimos três anos, de muitos milhões de euros, só em sede de IRC e IRS não pagos.
Enfim, uma operação que surgiu numa inspecção de rotina e que acabou por se tornar numa mega investigação aos negócios da banca, numa acção conjunta das Finanças, Ministério Público e da Polícia Judiciária.
Meus Deus, Espírito Santo e outras entidades divinas impolutas, percursoras da ética, do bem comum e dos spreads generosos… mas o que é isto? Já estamos a ver os investigadores da polícia judiciária, assim, mais ou menos a sério e mais ou menos a brincar: “ Então pá, já falaste com o teu banco?”, “Não, falei com o teu!”
Isto não deixa de ser uma má notícia e vai obrigar a Transparência Internacional a modificar o último relatório sobre o Índice de Percepção da Corrupção. Lá vai Portugal sair do 26º lugar para se juntar ao Chade e ao Bangladesh na 158ª posição.
In Azórica nº 23, Jornal dos Açores, Edição de 22 de Outubro, 2005

terça-feira, 18 de outubro de 2005

Rescaldos

Estivemos reunidos para interpretar porque não tivemos nem um voto nas autárquicas. Depois percebemos, afinal não tínhamos nenhum mandado de prisão emitido, nunca fugimos à justiça, nunca fomos indiciados por tráfico de influências, fuga aos impostos, branqueamento de capitais, nem acusados de ter sacos azuis.
1- E pronto, o Pauleta bateu o recorde do Eusébio. Foi assim tão fácil.
Um de nós é natural e vive em São Roque e nunca se sentiu tão orgulhoso por viver em tão nobre zona. Da próxima vez quem quiser afastar os miúdos dos calhaus que passam a vida a torturar cães, ou um dos adolescentes alcoolicamente intoxicados que brigam nas ruas às tantas da manhã, ou mesmo um dos seus vizinhos que ganham o Rendimento de Inserção Social e têm TV Cabo por Satélite com 317 canais ligados a um sistema de Dolby Surround Pro-Active, vai pensar duas vezes.
Nunca se sabe quando São Roque vai produzir mais um fenómeno, e convém ser amigo de todos, pois qualquer um pode ser o próximo Pauleta, o próximo Mota Amaral, ou até o próximo Einstein (que não era de São Roque, mas bem podia ser já que tudo isto é muito relativo)
Outro rescaldo, a propósito das autárquicas, os Tunalhos congratulam-se pela forma "enlevada” como decorreu mais este acto democrático, sobretudo nos Concelhos mais importantes e independentes do país como os de Gondomar (o Valentim parecia estar zangado por ter ganho), Felgueiras (depois de umas férias no Brasil, sabe bem voltar ao trabalho) e Oeiras (as contas fazem-se no fim... nem que seja na Suiça). O Concelho de Trancoso também ficou na história desta campanha. As duas mortes de candidatos a juntas de freguesia representaram um aumento significativo dos indices de criminalidade do concelho, tornando-o o mais perigoso do país em época de eleições. É caso para dizer “em Trancoso é só trancada no “oso”!

2 - Apesar disso, e no que nos diz respeito, não deixamos de ter alguma mágoa em virtude da nossa candidatura à Câmara de Ponta Delgada não ter merecido nem sequer um voto. O povo às vezes é bastante injusto. Esta ausência de votos nos Tunalhos, segundo os analistas, foi o resultado mais surpreendente das autárquicas na Região, juntamente com o outro facto muito relevante que foi a grande viragem à esquerda no Corvo (duas famílias zangaram-se ... facto que tem logo repercussões políticas de relevo).
Inclusive estivemos reunidos para interpretar estes resultados, nomeadamente tentar perceber ”porque é que nem nós próprios votámos em nós mesmos?" Depois percebemos: afinal não tínhamos nenhum mandado de prisão emitido, nunca fugimos à justiça, nunca estivemos envolvidos em investigações por corrupção activa, e muito menos passiva; nunca fomos indiciados por tráfico de influências, fuga aos impostos, branqueamento de capitais, nem acusados de ter sacos azuis… (só mais p´ró roxo); além de que, também, o nosso nome não constava nos boletins de voto. Foi um problema da gráfica que por acaso era de um amigo nosso que nos retirou, pois pensou que nós estávamos nos boletins por brincadeira…

3 - Quem também anda a brincar como um miúdo – é o que parece -, nisto das eleições, é o Dr. Mário Soares que foi acusado, pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), de ter violado claramente o nº2 do artigo 177 da Lei Eleitoral, que proíbe que no dia da eleição seja feito um apelo ao voto. Esta violação é punida com uma pena de prisão até seis meses ou uma multa até 60 dias ou lá o que isso é! Ouvimos dizer que a multa era de 25 €. Ora bem, isto é no total? Então se calhar é preferível pagar os 25 € em vez de ir para a prisão por 6 meses! Ou será que o homem terá que sair todos os dias para pagar 25€ diários, durante 60 dias, perfazendo um total de1500 € e outras tantas passadas? Pelo trabalho que isto dá se calhar é preferível, neste caso, optar pela prisão! Enfim, tão novo e já acusado desta maneira… Mas assim pode ser que deixe de violar a lei eleitoral … e a natural também.
In Azórica nº 22, Jornal dos Açores, Edição de 15 Outubro de 2005

sábado, 8 de outubro de 2005

Autárquicas e justiça "cegas"


Reparamos, de forma inédita, que o que mais se destacam em quaisquer eleições são as promessas. Os candidatos podem prometer o que bem lhes der na tola, desde que o façam num tom decidido, com um punho cerrado no ar, de preferência o direito, e a espumar ligeiramente da boca.

1- Com as autárquicas a todo o vapor, fomos lendo e ouvindo atentamente os discursos eleitorais. Reparamos, de forma inédita, que o que mais se destacam em quaisquer eleições são as promessas. Os candidatos podem prometer o que bem lhes der na tola, desde que o façam num tom decidido, com um punho cerrado no ar, de preferência o direito, e a espumar ligeiramente da boca.
Imaginem um candidato frente a um microfone, com o povo lá em baixo e os simpatizantes com as bandeirinhas e tal. Ele diz convictamente: “Prometo ainda potenciar a vertente (g)astronómica das Feteiras, construindo uma base de pizza lunar e uma rampa de lançamento de vaivéns espaciais ao lado da Junta de Freguesia, como estratégia de acção social para ajudar os idosos. O actual presidente nunca quis saber dos idosos, nunca!” E as pessoas aplaudem fervorosamente. É que realmente era bom ter uma rampa de lançamento do que quer que fosse…

2 - As eleições para as autárquicas, desculpem-nos os outros actos eleitorais menores para a presidência ou governo, são o que de melhor a nossa democracia tem. É bonito ver, por exemplo, em Salvaterra de Magos, um pai que foi do PS a concorrer pelo PSD e um filho que foi PSD a concorrer como independente pelo PS para a presidência de uma junta de freguesia. Achamos que o historial político da família era esse, mas se for ao contrário também não faz mal nenhum. Não há que haver confusão. E o povo também não tem que se preocupar com a escolha. Os candidatos têm os mesmos genes, a mesma fibra e a mesma coerência ideológica. Seja qual for o resultado, certamente haverá festa naquela família. O povo da freguesia, de qualquer das maneiras, terá sempre aquilo que ambos prometeram: sejam os fornos para os “cidadões” cozerem os seus “pões”, sejam as “istradas”, ou ainda um campo de relva sintética cimentado. Isto sim é que é democracia.

3 - Parece que os tribunais vão paralisar dois ou três dias devido à greve dos magistrados superiores, dos juízes e dos funcionários judiciais. Muitos criticam esta paralisação, mas afinal de contas só são mais 2 ou 3 dias … duma paralisação que já dura há anos. Uns dizem que, sendo os tribunais um órgão de soberania, esta greve é um mau exemplo, carece de legitimidade e fere a constituição. Ora não partilhamos desta visão e até achamos que os restantes órgãos de soberania também deviam ter o direito de fazer greve: o governo devia fazer greve porque o país não lhe dá condições, o Sr. Presidente devia fazer greve porque ninguém lhe dá atenção e a assembleia da República devia fazer greve porque ninguém ia dar por isso.
Outros ainda acrescentam, “Ah, não sei o quê, isso é mau para o prestígio dos tribunais…eles vão dar um tiro nos pés”. Qual quê? Mais um tirito no pé a acumular a tantos outros não é desprestígio…isso é vitalidade, coragem e carácter. Mais, por acaso pensam que esses magistrados iam partir para uma greve se não estivessem convencidos do grande prestígio, poder e independência que a justiça detém no nosso país? Claro que não! A sua imagem está melhor do que nunca. Que o diga a Fátima Felgueiras, uma figura também ela de prestígio que tem muita consideração pelos tribunais e que gosta muito do nosso sistema judicial. Se assim não fosse não teria vindo ao seu encontro, se não o respeitasse ou se desconfiasse dele, certamente não seria livre… talvez só “imune”.

In Azórica nº 21, Jornal dos Açores, Edição de 08 de Outubro, 2005

sexta-feira, 7 de outubro de 2005

A Política e a Mãe (Natureza)


Como somos da geração X-Files, decidimos encetar uma investigação “undercover” para deslindar o mistério por detrás da recente crise sísmica em São Miguel. O nosso faro levou-nos à verdade e, apesar de isto colocar a nossa própria vida em risco, vimos aqui desvendar as nossas conclusões.

1- A nós ninguém nos "amanda" com areia para os olhos, não senhor! Estes eventos sísmicos ali para os lados da Vila Franca, Povoação e Ribeira Grande vão ser postos a descoberto aqui e hoje pelos Tunalhos (que somos a gente).
Este assunto é demasiado sério: alguns de nós iam entrando em pânico quando se ouviu dizer que a igreja de Vila Franca estava a cair. Afinal foi só a cruz. Coisa que até é normal, pois ainda no outro dia o padre tinha o terço na mão e deixou-o cair também…
Admitimos que isto tudo foi um plano genial, foi todo muito bem engendrado. Fizeram tudo para que a coisa parecesse mesmo ser natural - "Foram as placas tectónicas" disseram uns "desentendidos", a placa macho e a placa fêmea… lá em baixo no quentinho começaram tec…tec…tec… por isso é que se chamam tectónicas. E enquanto elas estavam nesse coito ininterrupto que nos fazia vibrar por baixo, originando alguns momentos de êxtase e delírio colectivos (algum pessoal foi dormir todo junto para a rua), nós pensámos: Será que é verdade? Será que a Mãe Natureza é a culpada por esta crise sísmica que ia provocando o caos?
Como somos da geração X-Files, decidimos encetar uma investigação "undercover" para deslindar o mistério por detrás dos sismos. O nosso faro levou-nos à verdade e, apesar de isto colocar a nossa própria vida em risco, vimos aqui desvendar as nossas conclusões.

2- O que se passou foi que, com as eleições aí à porta, um determinado partido político engendrou um grande plano para fazer campanha. Ah, pois é. Enquanto comem uma laranja, pensem bem nisto:
a) Qual foi a cor de alerta estabelecida pela Protecção Civil após os sismos?
b) Qual é a cor política de um certo partido que começa em "P", acaba em "D" e no meio tem uma letra que dá para escrever Sapo, Sapato e até às vezes Serpente?
Fez-se luz, não fez? Pois é, caros amigos. Ficaram chocados?! Fica assim a descoberto aquela que terá sido, provavelmente, a maior cabala política desde que Paulo Portas foi nomeado chefe dos tropas. Tirem as vossas ilações e apontem o dedo aos culpados.

3- Outra coisa interessante e que, curiosamente, também relaciona a política com a Mãe Natureza, é o facto de nos Açores habitar uma das espécies mais raras de ave em todo o Mundo, o priôlo. Esta ave habita ali para os lados do Nordeste, mais concretamente no recôndito, silencioso e... recôndito habitat do Pico da Vara (por isso, caçadores...).
Ora, o que os caros leitores não sabem é que outras aves há que, em vez de estarem em vias de extinção, estão mas é em vias de expansão, apesar de se designarem por "Aves Raras". Elas estão associadas, na sua maioria, a habitats políticos.
Como se trata de uma espécie protegida, não podemos aqui dizer identificá-las de uma forma objectiva, mas que elas "andem" por aí... disso não temos dúvidas! O mais interessante é que essas aves parecem que têm sucesso garantido nos seus propósitos de "fecundação", sobretudo quando são muito bem investigadas, neste caso não por cientistas, mas sim pela PJ.
Cada um de vós poderá certamente identificá-las e agora, com eleições ao virar da esquina, são cada vez mais fáceis de avistar essas "Aves Raras" (por isso, caçadores...).
In Azórica nº 20, Jornal dos Açores, Edição de 1 de Outubro, 2005

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