sábado, 31 de dezembro de 2005

Agarra o momento!

Caro leitor, foram “caquilhões” de mensagens, mas as operadoras não querem falar nos lucros - nem as ouvimos falar das inúmeras, eventuais, pouco prováveis, inexistentes mesmo, campanhas solidárias … nem um cêntimo, por euro ganho, para a cruz vermelha ou para a Ami. Ah, pois, “ami, ami negócios à parte”...

1 – Mais uma notícia de regozijo: um novo recorde histórico foi estabelecido pelos portugueses entre os dias 22 e 25 de Dezembro com o tráfego de mensagens escritas (SMS) e multimédia (MMS), de acordo com os dados fornecidos pelas operadoras de telecomunicações móveis. Caro leitor, foram “caquilhões” de mensagens, mas as operadoras não querem falar nos lucros - nem as ouvimos falar das inúmeras, eventuais, pouco prováveis, inexistentes mesmo, campanhas solidárias … nem um cêntimo, por euro ganho, para a cruz vermelha ou para a Ami. Ah, pois, “ami, ami negócios à parte”, preferem dizer, ou ainda “Até já”, ou então “Vive o momento. Now!”, vive agora, consome(-te), diverte-te, palhaço, com o envio de mais uma mensagem daquelas …das renas que se estamparam ou do Pai Natal que se atrasou porque esteve a fazer amor com a sua Maria , a Mary Christmas. Portanto, caro leitor, “Segue o que sentes”, ou seja, pega no instrumento… de 3ª geração (ou não) e “fala, ouve, vê, inspira-te, escreve, joga, filma, fotografa, envia, experimenta e sente” e o resto logo se vê. Quando deres por ti já a tua companhia está enrolada a dormir e o momento foi-se. Mas não faz mal, a vida continua e o futuro está muito longe para ser vivido ou sequer planeado.

2 - Possuídos por uma inspiração reaccionária – aqui está, estamos a seguir o que sentimos –, propomos que se acabe de vez com este absurdo! Logo mais, não vamos mandar mensagem nenhuma àqueles amigos a quem não ligamos patavina durante o ano – até porque de certeza que já a enviámos na semana passada. Não lhes vai acontecer nada de mal e se alguma coisa lhes acontecer, já se sabe que a desgraça chega depressa ao nosso conhecimento. Os nossos amigos vão certamente passar umas festas agradáveis e o ano novo vai ser muito próspero com o 1,5 % de aumentos, anunciado pelo governo, que representa uma diminuição do poder de compra e do salário real, mas perfeitamente capaz de fazer face às exigências do país irreal de que falávamos numa crónica atrás.

3 - Por isso, mais logo, vamos todos tentar bater um novo recorde: não enviar mensagens nenhumas e vamos curtir a noite. Primeiro dirigimo-nos a uma caixa Multibanco e como no dia a seguir já sabemos que vamos ter mais dinheiro (o tal 1,5%), vamos tentar ultrapassar o outro recorde conseguido na semana passada:1,5 milhões de operações de levantamento em Multibanco que totalizaram 115 milhões de euros em todo o país, só no dia 23 de Dezembro. Vamos viver o momento, afinal a crise nunca existiu. São muitas as ofertas disponíveis em Ponta Delgada para passar umas horas divertidas e fazer desejos de ano novo – mas sem SMS. Temos, como primeira hipótese, o aconchego do lar, que normalmente fica em conta e não precisamos de nos levantar do sofá para trazer o carro. As Portas da Cidade também são uma boa opção, local bem animado, concorrido e barato, se bem que aconselhamos que faça um seguro, não vá levar com um foguete very light bem no meio da testa. Este ano vai haver uma novidade: um grande espectáculo musical com fogo de artifício – parece que o céu fica colorido… é bonito! Se tiver dinheiro, - cá está, o 1,5% vem a calhar - , poderá dirigir-se ao grande baile do Coliseu, ou ao requinte dos clubes e dos hotéis. Mas não se esqueça: não envie mensagens nenhumas a ninguém! Bom Ano!
In Azórica, Nº 33, Jornal dos açores, Edição 31 Dezembro, 2005

P.S. “Passas” (12) aí o espumante se faxavor!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2005

Comentários?

Aqui entre nós, acho que estamos a atingir um grau de intelectualidade assustador. É que a partir do momento que começamos a dizer coisas (quase) inteligentes, deixamos de ter tantos comentários...
Então, amigos? Comentáriozinhos, não é só ler e rir da nossa agnosia crónica...
Hélder Medeiros

PS - Chiça, desculpem lá, mas a parte da "agnosia crónica" foi profunda!

terça-feira, 27 de dezembro de 2005

Feliz "occipital"

Primeiro, não há canal que se preze que não tenha um Natal dos Hospitais. Vimos ainda ontem no site da NBC que o Conan O’Brien ia apresentar um programa chamado The Hospital´s Christmas. Segundo, é nossa forte convicção que se devia passar a celebrar o Natal em Agosto, e já explicamos porquê.


1 - O Natal é um tema que já nos vem acompanhando, pelo menos há meia dúzia de crónicas atrás, mas na verdade esta coisa impregna-se de uma tal maneira nas nossas vidas, logo a partir de Outubro de cada ano, que não há maneira de lhe fugir. No dia de hoje, véspera do dito cujo, era mais uma vez inevitável.
Todos os anos é a mesma coisa! Começou há muito tempo atrás. Os enfermos estavam nas suas caminhas, a descansar e a recuperar do malefício que os levou a adoecer, quando de repente, algures numa reunião de executivos num escritório no último andar de um qualquer edifício, alguém levantou-se da cadeira com os olhos a brilhar e gritou para os seus demais colegas: “Já sei, tive uma ideia! Vamos fazer um Natal dos Hospitais!” E catrapimba!! Nunca mais parou! São seguidos! Aliás, não há canal que se preze que não tenha um Natal dos Hospitais. Vimos ainda ontem no site da NBC que o Conan O’Brien ia apresentar um programa chamado The Hospital´s Christmas.
Quer dizer, meus amigos! Coitados dos doentinhos, já não lhes basta as intravenosas e os gessos e os soros e os pontos e os pensos e as algálias, essas coisas todas? Ainda têm de ser arrastados dos seus quartos para ver o Manuel Luís Goucha a apresentar o Toy? “Oh sim, eu estava triste por ter o occipital fracturado, ter caído num barril de ácido e ter perdido um rim e um olho, mas agora que o Toy veio aqui cantar, sinto-me bastante melhor.”

2 – Faz hoje oito dias que se assistiu ao "Quebra-Nozes" no Teatro Micaelense, espectáculo que esgotou rapidamente. A maior parte de “nós” só come “noz” já partida ou usa os dentes para parti-la. Além disso, só conseguimos ouvir Tchaikovsky pela banda filarmónica da terra. Daí que a chegada do evento tenha sido bem recebida, embora apenas para o bolso de alguns, claro!
Isto só foi possível graças ao patrocínio de uma empresa privada… parece que a “cultura do mecenato” está a crescer no arquipélago. Mas isso é fruto, tubérculo ou o que é? Quantos kg de semente dessa cultura “mecenato” chegam para um alqueire de terra? Mas não falemos agora em “cultura regional” que ainda aparece por aí o tribunal de contas!

3- É verdade, faz amanhã 2005 anos que nasceu o Homem. Sabe-se que – nós também não desdenhamos a cultura - Jesus, supostamente, nasceu durante a vida deHerodes, o Grande. Os calendários são contados a partir do ano em que se supõe ter nascido Jesus, mas as pessoas que fizeram essa contagem equivocaram-se com as datas, já que Herodes morreu no ano 4 a.C., de modo que Jesus nasceu no mínimo três anos antes.
Todavia, existem indícios que José recenseou "Joshua ben Jose" (Jesus) como nascido ao dia 21 do oitavo mês, isto no ano 7 a.C. de acordo com os registos Judaicos. (Esperem lá! Portanto, Jesus nasceu 7 anos antes do que é suposto… certo?!) Mas continuando, como se sabe, o oitavo mês é Agosto. É nossa forte convicção que, sendo assim, dever-se-ia passar a celebrar o Natal em Agosto. Seria muito mais interessante. As pessoas estão mais bem dispostas porque é Verão, o tempo está agradável, os dias são maiores, recebemos o subsídio de férias, não temos (tantas) prendas para comprar, o sol brilha, a vida é linda… ah, e há muitas miúdas giras de biquini.

4- De resto, vamos aproveitar o pouco espaço que nos resta para desejar a todos os nossos (três) leitores um Natal muito feliz, com muito amor, muitas prendas – estas sem o nosso contributo - e que esta data se repita por muitos anos…
Para todos, FELIZ NATAL!

PS- não digam que foram ao site da NBC ver se o Conan O’Brien ia mesmo apresentar um programa chamado The Hospital´s Christmas?
In Azórica, Nº 32, Jornal dos Açores, Edição de 24 Dezembro, 2005
P.S (2) O título desta crónica é deveras surpreendente! Uma alusão semântica na forma e no conteúdo da palavra "occipital" ao Natal e ao hospital. Essa importante região do crâneo deve, pois, nesta época, estar bem... é o mesmo que dizer , "neste Natal tenham juizo na cabeça ... não fracturem o crâneo, não se estampem, não vão parar ao hospital" ... qualquer coisa assim! Digam lá se isto não é profundo? Exigimos já o Nobel ... além de que não há melhor campanha para a Prevenção Rodoviária!

Corrida Presidencial

Os Açores já foram granjeados com as visitas de alguns candidatos à Presidência da República, o Professor Cavaco Silva, Jerónimo de Sousa e Francisco Louça. Por enquanto, Mário Soares ainda não veio à Região. Ao que parece, muitos açorianos estiveram na guerra do Ultramar, daí que o candidato esteja relutante em pôr cá os pés…


Esta foto foi-nos entregue pelo próprio candidato aquando a sua visita à Região - posterior à presente crónica. Como os leitores poderão ver, o candidato revela um amplo conhecimento humanista ( o ser humano na sua mais bela expressão), cultural e científico (imitação de Einsten, numa alusão clara à comemoração do ano Internacional da Física que agora termina)
1- Seis de Dezembro, Aeroporto João Paulo II, 19h40, voo da Terceira, chegava uma das nossas mulheres. Qual o nosso espanto quando encontrámos uma pequena multidão à frente da porta de desembarque. Até ai tudo bem, não fosse o facto da indistinta multidão começar a bater palmas, mesmo na altura em que a porta se abriu e ela apareceu. Não fazíamos ideia que fosse tão conhecida. Sabíamos que era séria, honesta e competente, mas daí a ser (re)conhecida por uma multidão de gente incógnita, diríamos mesmo que de uma forma mediática, isso nunca imaginámos.
Por coicidência, logo atrás dela, vinha o candidato à Presidência da República, o Professor Cavaco Silva. Assumido defensor das autonomias, “um motivo de orgulho para todos os portugueses” – exceptuando para alguns economistas mais rigorosos -, Cavaco elogiou os obreiros do projecto autonómico e reconheceu os benefícios da estabilidade política nos Açores.
Falou em momento de crise no país, “situação que não é normal” – mas como assim? Desde que somos história, o normal foi sempre estarmos em crise! Pronto, ele é que é o economista! – e portanto há que “mobilixar” os portugueses e aumentar-lhe os índices de (des)confiança.

2- Mais optimista está o camarada Jerónimo de Sousa – que também passou por cá em campanha -, afirmando que “há muitos portugueses que ainda não se decidiram…está tudo em aberto”. Dai que “há que ter esperança …é preciso não repetir soluções gastas”. Está tudo dito! Isto galvaniza! Privilegiando o contacto directo com o povo, o camarada veio “captar o voto açoriano”. Recebido em audiência, parece que, inclusive, tentou captar o voto do presidente do Governo Regional.

3- Para nos ver “olhos nos olhos” Francisco Louçã também nos visitou, acusando as outras candidaturas de tentarem evitar o debate sobre a situação do “país real”– cometendo logo aqui uma gaffe, pois não existe “país real”, aliás, o nosso país não existe mesmo. Louçã acrescentou que as outras candidaturas tentam uma " impermeabilização do debate político" o que é um "artifício e uma ofensa à democracia". Enfim, “se ao menos essa impermeabilização nos protegesse da chuva!”, acrescentaríamos nós.
Sobre a Europa, “nem uma palavra”, e nesse aspecto “todos deviam apresentar uma visão de Portugal no mundo”. Pois aí é que está o problema: como é que é possível apresentar uma “visão no mundo”, de um país que não existe ou que, pelo menos, não parece ser deste mundo? Não seria mais fácil o país - pronto, já se sabe que não existe - mas não seria mais fácil esse país, vá lá “irreal”, apresentar ao mundo uma visão ideal de um candidato presidencial ?

4- Por enquanto, Mário Soares ainda não veio aos Açores. Ao que parece, muitos açorianos estiveram na guerra do Ultramar, daí que o candidato esteja relutante em pôr cá os pés… Quanto a Manuel Alegre, o poeta, esse até o “vento que passa” o traz até nós, de forma “transversal”, livre no pensamento, independente na acção, pronto para a renovação e cheio de ideias novas – ouviste avô Mário “ideias novas”?! A propósito, dizem que o debate entre os dois foi “bem vivo” – daqui a algum tempo se calhar não poderíamos dizer o mesmo – e “duro” …só se for de roer – isso acontece muito nos velhotes! Falaram em coisas banais, experiência e consistência, ou falta delas…mas qual a diferença entre os dois? Onze anitos?! Bem, isso é alguma coisa! Não há dúvida, Alegre está melhor colocado… não viram que no fim falou às mulheres? Deve estar com mais vigor! Só pode!
In Azórica, Nº 31, Jornal dos Açores, Edição de 17 Dezembro, 2004

A febre natalícia…

Bolas!... Tenho o trabalho de casa todo atrasado... desde há duas semanas que não lanço as crónicas da Azórica. Agora vai tudo de enxurrada! (El Greco)
Parece que os habitantes de S. Miguel resolveram ir às compras todos no mesmo dia. É impressionante! Os centros comerciais estão tão cheios que no outro dia nós fomos para lá de smoking a pensar que aquilo era o baile de Carnaval do Coliseu...

1 - As ruas pululam de gente, o comércio tradicional revitaliza, as registadoras não param, as avenidas enchem-nos os olhos de luz, o centro comercial parece um formigueiro e todos sorriem de alegria. Logo, nós pensamos, das duas uma: ou andam por aí a dar rebuçados, ou então chegamos ao Natal.
Depois de constatarmos que não havia rebuçados para ninguém, eis que a época natalícia está mesmo por todo o lado.
Isto deixou-nos cheios de alegria, porque fomos logo escrever uma cartinha ao Pai Natal (também conhecido como Papai Noel, Santa Claus, Papa Noël - para os leitores estrangeiros da nossa crónica poliglota). Na nossa carta pedimos, entre várias coisas, que Portugal não sofresse tantos males em 2006 como havia sofrido ao longo de todo este ano negro de 2005, ou seja, que nenhum dos candidatos à presidência seja eleito.
Mas, para além disso, e como somos todos uns homens responsáveis e bem comportados, este ano pedimos também 100 pares de óculos - para os fiscais de linha e árbitros da super liga; 100.000.000.000 milhões de euros - para superar a crise do país; um limpa estradas - para eliminar a bosta das estradas regionais (andamos sempre com o carro todo sujo); e o DVD da Pequena Sereia – porque sim, porque é bonito.

2 - Quem também anda atarefado são os cerca de 125.000 habitantes da ilha de S. Miguel, que parece que resolveram ir todos às compras no mesmo dia. É impressionante! Os centros comerciais estão tão cheios que no outro dia nós fomos para lá de smoking a pensar que aquilo era o baile de Carnaval do Coliseu...
Não se pode ir para lado nenhum sem se ser atropelado ou sem nos pisarem os pés. Aquilo está de tal forma que ontem estava lá a polícia de trânsito a mandar circular e a passar multas de trânsito aos carrinhos de compras mal estacionados:
- Mas ó xô guarda, eu fui só ali aos hambúrgueres...
- Não quero saber! Deixou o seu carrinho de compras mal estacionado, sem os quatro piscas ligados e ainda por cima não vejo o colete reflector em lado nenhum... Aqui tem a multa e feliz Natal!

3 - Sim, nesta época, seja qual for a situação, as frases têm de acabar todas com um rotundo e sorridente "Feliz Natal".
Diz o médico:
- O seu marido está a ter um AVC minha senhora, mas olhe... Feliz Natal!
Ou então num engarrafamento de trânsito:
-Ó seu palhaço, veja lá se anda mais devagar! Seu grandessíssimo bisonte! E já agora olhe... um Feliz Natal para si e para os seus!

4 - Finalmente, notámos esta semana que as salas de cinema do centro comercial do cachalote branco oferecem um serviço completo de cinema e piquenique. É verdade. Chegámos à sala para uma sessão de cinema e encontrámos pipocas e bocados de chocolate espalhados nas cadeiras, gomas, copos com restos de refrigerantes e, claro, pastilhas elásticas de vários sabores, mesmo ali debaixo das cadeirinhas! Uma maravilha.
In Azórica, nº 30, Jornal dos Açores, Edição de 10 Dezembro, 2005

quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

Parabéns prá gente!!

Pois é, fazemos anos hoje.
Faz neste dia um ano que nos lançaram o desafio: "Construam um blog e escrevam coisas inteligentes e divertidas lá". Já cumprimos metade da promessa, o blog está construido.
Para quem nos tem acompanhado e lido ao longo desta jornada, ou seja, nós os quatro (às vezes três e outras dois), muito obrigado pelas vossas atentas leituras.
Já sabem, podem enviar os donativos para o NIB 0035 2152 6600 0002 4541 67. Donativos acima dos 500 euros têm direito a Lap Dance. Acima dos 1000 euros, bom... a festa é garantida!
Mais uma vez, parabéns à gente!!
Abraços a todos e beijos a todas...
Hélder Medeiros

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

1º Aniversário

Pois... lembrei-me!
Faz hoje um ano que começámos com esta diarreia intermitente... um pouco como a morte do Saramago! Não entrámos (ainda) para a história da blogosfera, mas estamos no bom caminho... muito para lá das estrelas, rumo ao infinito!
Comi sozinho o Tunalhos's cacke. Amanhã pagam-me o café... no sítio do costume! Sim, vocês os 3, 2 ou 1 leitor(es) amigo(s)... membro(s) do blog...
eu!
(Hélder, Vá lá... tenho confiança em ti! Dá-nos os parabéns!)
El Greco
P.S. - As strippers afinal não apareceram!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

Fantasmas e polícias

Foi avistado um fantasma num estabelecimento comercial da Ribeira Grande. Os Tunalhos, sempre atentos a novas oportunidades de negócio, decidiram logo na hora abrir uma empresa: a Ghost Bustaçor. A companhia por pouco não ia à falência...








1- O fantasma da Ribeira Grande anda na boca do povo… pelo menos de três ou quatro pessoas do povo porque as outras têm mais que fazer.
Para quem não lê jornais regionais ou não vê a CNN, fica aqui um resumo da história. Foi avistado um fantasma num estabelecimento comercial da Ribeira Grande. Um guarda-nocturno jura a pés juntos que viu uma sombra a passar e, ao visionar as gravações de vigilância, confirmou que de facto havia uma sombra misteriosa a deslocar-se. O mais interessante é que a cassete foi entregue à PSP para análise, instituição que, como sabemos, é inexperiente em casos destes. A PSP obviamente só poderia afirmar que “o segurança estava com os copos… nós conhecemos a sensação!”. Ainda se tentou a todo o custo entrar em contacto com o Fox Mulder, mas o homem estava ocupadíssimo lá com as suas lides nos X-Files.
Os Tunalhos, sempre atentos a novas oportunidades de negócio, decidiram logo na hora abrir uma nova empresa: a Ghost Bustaçor. Equipados com o mais moderno equipamento de raios plasma e deslocadores de anti-matéria de última geração, dirigimo-nos de imediato ao referido estabelecimento com a intenção de caçar o fantasmagórico fantasma (passamos a redundância).
Depois de passarmos a loja a pente fino, prateleira por prateleira, não encontramos fantasma nenhum. Prestes a desistir, ouvimos um barulho estranho ao fundo. Era um casal de empregados que tinha aproveitado o facto de agora não terem clientela por perto e estavam a marcar os preços … um no outro. Mas eis que logo a seguir o nosso detector magnético de ósmio apanhou aquilo que na gíria chamamos de “espectro”.
Empunhamos os nossos sugadores intradérmicos e partimos à caça. Ao depararmo-nos com o fantasma, qual não foi a nossa surpresa ao constatarmos que o espectro, na verdade, era uma jóia de pessoa (ou do que restava dela)? Ouçam, o homem era simpatiquíssimo, super amável, um amor de fantasma.
Moral da história, a Ghost Bustaçor por pouco não ia à falência. Se não tivéssemos recebido um telefonema de última hora a denunciar umas aparições de espectros a candidatarem-se à Presidência da República, a esta hora não sabiamos o que seria de nós…

2 – Outro assunto do “outro mundo”, que é o nosso, tem a ver com o polícia-boneco que recentemente foi avistado na 2ª circular de Ponta Delgada. Bem, o homem metia respeito, tinha carácter, era alto e forte….e corajoso, porque usava manga curta, apesar do frio estava, o que dava para desconfiar (podiam ter feito a colecção para as quatro estações). Aquilo era bonito de se ver. O pessoal que ia na brasa e o avistava ao longe metia repentinamente o pé no travão. Esta situação, ao que sabemos, terá causado alguns choques, avc’s e descargas intestinais (sobretudo daqueles que iam simultaneamente “com vontade de” e com pressa para o trabalho, a fim de usarem, como é hábito à chegada, o WC do serviço.
Mas aquilo resultava só no início, depois já ninguém ligava. Nós por acaso no outro dia íamos a “speedar” e avistámos ao longe mais dois polícias-bonecos. Bem, esses pareciam mesmo reais, até nos mandaram parar e pediram-nos os documentos do carro e nós “eh seus bonecos estúpidos, ide apanhar no…“ , e vai dai os bonecos enlouqueceram e começaram a espancar-nos com o cacete e não é que até nos conseguiram meter na prisa durante 24 horas ?… Entretanto, nunca mais os vimos. Parece que até já andavam prostitutas a assediá-los! Isto é mesmo do outro mundo!
In Azórica nº 29, Jornal dos Açores, Edição de 2 dezembro, 2005

sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Natal, saldos e pensões

Crise, qual crise? A árvore gigante montada na Praça do Comércio, em Lisboa, representa o equivalente a um prédio de 23 andares e tem mais dez metros do que a que foi instalada o ano passado em Belém. Quem disse que estávamos na cauda da Europa, hein?
1- Temos a maior árvore de natal da Europa. É verdade, Portugal é oficialmente o país com o mais forte espírito natalício e o único que continua a acreditar tão piamente no Pai Natal (é só olhar para os candidatos presidenciais).
Os cerca de 500.000 desempregados que deambulam pelas nossas ruas agora já têm algo com que se entreter, podem ir ajudar a enfeitar a árvore ou, quiçá, simplesmente apreciá-la. Os nossos alunos já não precisam de se preocupar com os débeis níveis da educação, podem orgulhar-se da árvore de natal portuguesa. E professores, esqueçam as greves, para quê? Nós temos uma árvore de natal com 72 metros de altura.
Crise, qual crise? A árvore gigante montada na Praça do Comércio, em Lisboa, representa o equivalente a um prédio de 23 andares e tem mais dez metros do que a que foi instalada o ano passado em Belém – que, como sabem, é o local onde Cristo nasceu…
Que país este, sempre a crescer! Quem disse que estávamos na cauda da Europa, hein? Nós estamos muito para além das estrelas!

2- Por falar em época natalícia, os portugueses este ano têm menor poder de compra do que no ano passado. Vamos sugerir-vos uma pequena ideia que tivemos. Caros leitores, porque não alterar o Natal para o dia 25 de Janeiro?
Se ainda não é óbvio, explicamos porquê. É a época dos saldos. Porque havemos de pagar 35 euros por uma camisola para oferecer no dia 25 de Dezembro ao primo que dá sempre meias e cuecas compradas nos chineses, se podemos pagar 10 euros pela mesma camisola para oferecer no dia 25 de Janeiro ao primo que tornará a dar as mesmas meias e cuecas compradas nos chineses? É uma questão simples de economia.
Vá, vamo-nos todos boicotar às compras de natal este ano e adiar o nascimento do Salvador um mesito. Aposto que ele nem se importava muito…

3 – Extraordinária é também a notícia de que Portugal tem o melhor sistema de pensões da Europa a 15, de acordo com o barómetro de pensões europeu elaborado pela Aon…uma empresa daquelas de estudos e consultadoria e o camano! “Aon de?”, perguntarão os leitores. Leram bem: Portugal! O estudo conclui que o nosso país está em primeiro lugar, como o mais favorável, devido à taxa de crescimento da população – conceito que não entra em contradição com a diminuição da natalidade e com o fenómeno do envelhecimento populacional. Aliás, a propósito, os velhotes agora foram obrigados a rejuvenescer por decreto pelo que os “novos” padrões de trabalho (até idades mais tardias), também contribuem para a surpreendente conclusão, a par da sustentabilidade das pensões. No entanto, uma empresa rival, Watson Wyatt, já veio por em causa essa conclusão, afirmando uma coisa inconcebível: “o cenário do sistema de pensões português não é muito favorável”. Mas afinal em que é que ficamos? Temos, ou não temos, sustentabilidade? Será que o nosso país é mesmo assim tão difícil de se estudar? Somos mesmo os maiores! A nossa (im)previsibilidade e a nossa “insustentável leveza do não ser” deixa qualquer estudioso estupefacto, sem saber o que concluir com rigor!
4 - Outra novidade para animar o nosso ego: Portugal vai ter a seu cargo a organização do Lisboa-Dakar. Como foi isso possível?! Muito simples, nós somos bons a organizar coisas – grandes churrascos para o Guiness, feijoadas, etc – e se fosse o Paris-Dakar, os pilotos sujeitavam-se a iniciar a prova com as viaturas carbonizadas … Bolas este assunto é mesmo “incendiário”! Por falar nisso, os D’ZRT actuam hoje no Coliseu (não está por aí nenhum?)
In Azórica nº 28, Jornal dos Açores, Edição de 26 de Novembro, 2005

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