terça-feira, 27 de setembro de 2005

O Natal está aí à porta!


Os Tunalhos, com medo de perder a primeira-mão, dão a notícia antes dos outros: senhoras e senhores, o Natal está aí à porta! É verdade, faltam apenas 93 dias. Hoje vamos divagar um pouco sobre o verdadeiro sentido do Natal e sobre os novos arqui-inimigos do barbudo da Coca-Cola.
1- Damos hoje a notícia em primeira-mão: o Natal está aí à porta!Sabemos que faltam 93 dias, mas como os Tunalhos estão sempre em cima do acontecimento e gostam de ser os primeiros a dar a notícia, numa manobra inédita de antecipação vamos hoje divagar um pouco sobre o natal.Antes de mais, convém perguntar “O que é o Natal?”. Se formos rebuscar bem no fundo da nossa alma, descobrimos que o Natal é basicamente aquela altura do ano em que não é errado mentir às crianças: “Queres uma Barbie de quê? Ah filha, o Pai Natal não pode trazer isso, ele é pobrezinho, coitado”.Por outro lado, o natal é, para os adultos, um momento de reflexão e introspecção. É a época em que muitos casais se juntam numa união harmoniosa e reflectem sobre a sua vida: “Então Maria, o 13º mês vai para a hipoteca da casa ou para a prestação do carro?”Claro que isto só será possível se o Governo não se lembrar de congelar o subsídio deste ano…
2- Quem não está muito feliz com o natal são os americanos. Não lhes agrada muito a ideia de ter um homem de barbas a invadir o seu espaço aéreo para largar encomendas suspeitas não fiscalizadas pela alfândega. Já estamos a ver a cena: o Pai Natal com as renas, dois F-16 da USAF, um míssil AIM-9 Sidewinder, e pronto… problema resolvido. O barbudo não chateia mais ninguém.E os Estados Unidos não são o único inimigo do Pai Natal. O próprio Bin Laden não vai muito com a cara dele. Numa entrevista exclusiva à Azorica, o líder Taliban diz que “aquele gajo é uma vergonha para quem usa barba. Tem aquilo sempre aparadinho, todo branquinho, com a mania que é vedeta e tal. É uma vergonha, vos digo, uma vergonha! Pronto pá, agora estou chateado, vou ter de matar 214 infiéis!”
3- Também, como é costume, todos falam mal do consumismo natalício. Não somos desta opinião. Perguntem lá ao nosso Salvador se não gostou de receber ouro, incenso e mirra quando nasceu. Claro que gostou, quem não gostaria de receber um pouco de mirra enquanto lhe cortam o cordão umbilical?
Os descontos é que são inaceitáveis! Fazemos desde já um apelo a toda a gente para acabar de uma vez por todas com esta barbaridade. Imaginem que, por exemplo, vão comprar um micro-ondas à esposa. Por acaso conhecem o dono da loja, e o senhor, com toda a sua boa-vontade e simpatia, cobra-vos apenas o preço do respectivo, oferecendo-vos a margem de lucro que porventura faria na venda do produto.E se por acaso o micro-ondas tiver defeito e estragar o peru da ceia? Depois de tanta simpatia e depois de o senhor ter abdicado de uns 0,0001% do seu orçamento familiar para nos dar um jeito, quem é que tem cara de ir respingar ou dar socos na mesa? É humanamente impossível!Ao aceitarmos um desconto, na verdade estamos a ser enganados. Além disso, depois se forem lá refilar por causa do micro-ondas, existem fortes probabilidades de saírem da loja com o peru natalício enfiado num sitio onde o sol não brilha…
In Azórica nº 19, Jornal dos Açores, Edição de 24 Setembro, 2005

segunda-feira, 26 de setembro de 2005

Hoje a Rádio Atlântida, amanhã o Mundo

A não perder! No próximo Domingo, dia 2 de Outubro, a entrevista exclusiva dos Tunalhos na Rádio Atlântida, no programa "Entre Palavras" da Graça Moniz, entre as 12 h e as 15 h... portanto, depois da palavra de Deus e antes do Futebol. Vai ser bonito!
"Entre as palavras" da Graça e as nossas "palavras ocas" ... tudo pode acontecer! A Atlântida já anunciou que não se responsabiliza pelo conteúdo do programa!

El Greco

quarta-feira, 21 de setembro de 2005

A nossa candidatura, parte II

Para os leitores menos atentos, os Tunalhos já apresentaram a sua candidatura oficial à Câmara de Ponta Delgada. Por insistência de três munícipes, para além das medidas que garantimos tomar se formos eleitos, hoje vimos aqui fazer mais promessas (como qualquer político que se preze).

1- Sim, é verdade, os Tunalhos apresentaram a sua candidatura oficial à Câmara de Ponta Delgada (vide Azorica de 06/08/2005 ou www.tunalhos.blogspot.com). A nossa candidatura foi muito bem aceite por três munícipes, e por insistência dos mesmos hoje vimos aqui fazer mais promessas.
Pois bem, a nível da segurança rodoviária, e para protecção de todos os condutores, pretendemos estabelecer um serviço municipal de recolha de vacas malhadas perdidas na via pública. Pretendemos instalar as pobres coitadas no Salão Nobre da Câmara e alimentá-las bem para poderem ser abatidas nas festas do Espírito Santo da Cidade. Ah, e queremos fazer uma Coroa bem grande, assim com uns 23m de altura e uns 15 de largura.
Para o desenvolvimento da agricultura, prometemos oferecer a cada lavrador uma ordenha móvel, mas das modernas que já vêm equipadas com o cão de fila atrelado e tudo.
No campo da cultura, queremos promover o Colégio dos Jesuítas, rentabilizando-o e elegendo-o como Centro de Raves para Jovens. Vai ser bombar até de manhã com o DJ residente, o já esquecido Sandro G.
O Coliseu passará a ser a sala de trabalho dos Tunalhos e ao mesmo tempo residência temporária dos sem abrigo e repatriados, a quem será dada formação para exercerem trabalho em prol do Município e ao nível do entretenimento e da recepção de turistas, emigrantes e convidados especiais.
Ao nível da educação, numa tentativa de conciliar os valores do passado com os actuais, vamos estabelecer protocolos de colaboração com as paróquias, com as casas de strip e com o elenco dos "Morangos com Açúcar", a fim de se promoverem aulas práticas, extracurriculares, para uma efectiva implementação da educação sexual nas nossas escolas.

2- No que concerne à educação, os Tunalhos comprometem-se ainda a resolver, de uma vez por todas, os problemas da colocação dos professores. Vamos colocar os professores ao lado do quadro e de frente para os alunos! Mais um problema resolvido (Senhora Ministra da Educação, ponha os olhos em nós e aprenda a fazer política).
Por falar em professores, os pais já podem respirar de alívio! Finalmente podem deixar os filhos ao cuidado de outras pessoas, como? Levando-os para a escola - é que as aulas já começaram.
Aulas são sempre sinónimo de alegria para pais e alunos. Os pais rejubilam de alegria por terem de comprar os livros e os materiais escolares para os seus pequenos e estes saltam de alegria ao ver chegar o fim de 3 meses de festa, boa vida e brincadeira!
Neste cenário de festa, os únicos que parecem não gostar nada da história são os professores. Esta é uma classe que parece nunca estar contente com nada... Se estão desempregados é porque estão desempregados, se são colocados é porque fica muito longe, se ficam colocados perto é porque agora têm de trabalhar mais horas. Bolas!! Decidam-se lá ó "setôres". Com os direitos todos vêm os deveres…
In Azórica nº 18, Jornal dos Açores, Edição de 17 de Setembro, 2005

segunda-feira, 12 de setembro de 2005

O apelido do nosso Pauleta

Como já devem ter reparado, há algo de mal na nossa fotografia. Para já, um dos elementos está diferente dos outros. Já descobriram qual é?... Damos a resposta mais abaixo. Para além disso, passamos a apresentar algumas alternativas ao apelido do Pauleta.


1 - Caros dois leitores, é já com grande saudade que lembramos o início desta cooperação entre os Tunalhos e o Jornal dos Açores. Já lá vão quase... 1 mês e 12 dias, mais ou menos! Lembramo-nos perfeitamente de como tudo começou. A voz do outro lado da linha disse:
“Tínhamos todo o gosto que colaborassem com o nosso Jornal.”
“Claro, gostávamos imenso”, respondemos nós.
“Nós queríamos convidar pessoas inteligentes, talentosas, perspicazes, engenhosas, intelectuais de primeira linha, com elevada capacidade mental, cultural e ética para escrever no nosso Jornal. Mas como as pessoas com essas características não aceitaram o convite, decidimos convidar os Tunalhos”.
Bom, depois disto foi sempre a crescer (salvo seja) e agora até já temos direito a foto e tudo. Ou isso, ou eles não se querem é responsabilizar pelo que escrevemos e querem que toda a gente conheça a nossa cara para que nos possam bater à vontade.
Em todo o caso, como já devem ter reparado, há algo de mal na nossa fotografia. Para já, um dos elementos está diferente dos outros todos. Já descobriram qual é?... Exacto, é o terceiro da esquerda para a direita, ele tem caspa e os outros não. Além disso, há outro elemento que vai sair dos Tunalhos para prosseguir uma carreira de sucesso em Hollywood. Conseguem adivinhar qual deles é?... Pois, é o primeiro da esquerda. Vejam lá a tristeza na cara do miúdo por nos deixar, é o único que não sorri…


2 - É o homem do momento! Não, não estamos a falar do Tony Carreira, mas sim do jogador açoriano Pedro "Já Só Faltam Dois Golos" Pauleta.
Este astro do futebol Europeu, e quem sabe dos Açores, tem deliciado os amantes (deixem passar o termo) do futebol por esse mundo fora. É um tipo com muitos atributos - logo à partida, é natural de S. Roque, depois marca golos e, além disso, também faz... pronto, dá pontapés em queijos... é uma coisa bonita!
Por todas estas coisas, têm sido atribuídos alguns apelidos a Pauleta e todos têm a ver com a sua naturalidade açoriana. Mas, a partir de agora é preciso ter cuidado! Os americanos andam de olho no jogador. O apelido "Açor" ainda passou na censura, mas o apelido "Ciclone" fez com que ele se tornasse um dos 10 mais procurados pelo FBI.
Nós percebemos porquê, estamos solidários com o povo do Mississipi e, por isso, resolvemos arranjar alguns apelidos alternativos para o internacional de futebol. O primeiro de que nos lembrámos foi "Tornado dos Açores", mas depois achámos que conseguíamos fazer melhor. Surgiram então alternativas inspiradas nas ilhas como: "o Hortênsias", "o Lavrador", "o Cachalote", "o Ananás", "o Licor-de-Maracujá", "o Pimenta-da Terra", entre outros.
Mas depois, num momento genial de inspiração, tivemos uma epifania e criámos o novo apelido para Pedro Pauleta! Senhoras e Senhores , é com orgulho que os Tunalhos vos comunicam, em primeiríssima mão, que o novo apelido do jogador vai ser ...

NOTA DA REDACÇÃO: caros leitores, pelo facto de já não haver mais espaço disponível para a crónica dos Tunalhos, o final do artigo desta semana será revelado numa das próximas edições.


In Azórica nº 17, Jornal dos Açores, Edição de 10 de setembro 2005


sexta-feira, 9 de setembro de 2005

Poeira

Foi com emoção que os Tunalhos não assistiram em directo e in loco à implosão das torres de Tróia, esse acontecimento importantíssimo que mereceu a presença do 1º Ministro e ocupou, no mínimo, meia hora em cada um dos telejornais nacionais. O desenvolvimento do acontecimento passou também por entrevistar alguns dos milhares de anónimos (achamos que estavam de férias ainda), munidos de binóculos e máquinas fotográficas, que não quiseram perder aquele momento de “poeira desenfreada”, a que só faltou, de fundo, como banda sonora, a música da Ivete Sangalo. E perguntava o repórter a um dos mirones “Então, achou que a implosão foi rápida?” Mas estes jornalistas não têm relógio? Ou mesmo não tendo, será que não conseguem ter a “mais pequena noção de tempo” para perceber que obviamente aquilo não durou mais que uns segundos? Pronto, admitamos que era uma questão de interesse público…e que a maioria dos presentes não saberia o que responder.
Mais interessante foi a questão colocada a um dos antigos trabalhadores das torres “Então, acha que durou mais tempo a demolir ou a construir?” Esta sim, faz sentido e revela inteligência. Neste caso, não nos parece que a resposta se possa dar, antes de se pensar um bocadinho: na verdade a construção das torres levou uns anitos, mas levou muitos mais para se tomar a decisão de demolição.

El Greco

quarta-feira, 7 de setembro de 2005

O Turismo e as retretes

A maior diferença, e talvez aquela que melhor define o nosso turista Português e o distingue de todos os outros, é o facto de ele ter de tocar em tudo ao mesmo tempo que fala num tom acima dos 210 decibéis. Já assistimos a vários exemplos deste fenómeno, que hoje narramos aqui.


1- Com o Verão já a meio-gás, a nossa perplexidade mantém-se quando constatamos as diferenças entre os turistas das diferentes partes do mundo e o nosso turista continental, ao qual, carinhosamente, resolvemos chamar “Português”.
As diferenças começam de baixo para cima. No calçado, o Português distingue-se logo dos demais pelo facto de não usar meia branca com chinela ou sandália. Não senhor! O nosso turista prefere a sandália em contacto directo com a pele, pois assim consegue matar dois coelhos com uma só cajadada: primeiro obtém um eficaz arejamento dos pés e, além disso, consegue afugentar as moscas e os mosquitos com o odor que emerge dos buracos das sandálias.
Continuando a subir, também nas pernas há diferenças... os outros turistas têm muito poucos pêlos nas pernas. Já o Português tem mais pêlos só na perna esquerda do que os outros turistas têm no corpo todo. Isto para não falar de outras zonas nas quais também tem pêlos que nunca mais acabam, como por exemplo no... no coiso, no... no nariz. Claro que se exceptuam algumas nórdicas que só nos sovacos têm mais “tufo” do que o português na perna esquerda, capaz mesmo de enrodilhar e gastar o fio do melhor aparador de relva da Black&Decker.
Mas a maior diferença, e talvez aquela que melhor define o Português e o distingue de todos os outros turistas, é o facto de ele ter de tocar em tudo, ao mesmo tempo que fala num tom acima dos 210 decibéis.
Já assistimos a vários exemplos deste fenómeno. Ainda no outro dia estávamos a caçar gambozinos nas Cal-deiras das Furnas, quando vimos um belíssimo exemplar no seu estado mais natural: camisa aberta, pêlo no peito, fiozinho de ouro, bigode, barriguinha, careca e unha de limpar os ouvidos. E dizia ele:
“Ó Aldina” - que era a mulher - “o guia diz que estes buracos são muito quentes!”
“Ó! Não são nada.” - diz ela a assobiar os “SS”.
“São, são, olha... ‘tou a botar a mão num e ela já está a ficar toda pelada! Ah que giro, é mesmo quente!”
“Já biste Tónio? Afinal o que o homem dizia era mesmo verdade: o buraco é mesmo quente.”
“Olha, tira uma foto que é para a gente mostrarmos à bizinha a temperatura disto”
“Ah… que pena, essa ficou com o fumo à frente…. Vou tirar outra! Psst, Sr. guia, será que podia soprar no fumo a ber se não sai na foto?”
Ou ali para os lados das Sete Cidades:
“Esta aqui é uma Juniperus brevifolia, é uma espécie endémica muito rara”, - diz o guia.
“Ó Manéla, o homem diz que essa flor aqui é muito rara, não é tão bonita?”, constata o marido ao arrancar a planta.
“Traz um pezinho para gente plantarmos no nosso terraço… e traz de vez outro para a gente darmos à tua irmã Carlota que ela gosta muito de flores. Ai que os Açores são tão lindos!”

2- Para além do turismo, também as festas e festivais fazem parte do Verão. Esta é a época dos grandes espectáculos, é o Festival do Sudoeste, Zambujeira do Mar, o Vilar de Mouros, a Maré de Agosto, etc. Estávamos num destes Festivais e reparamos naquelas casas de banho azuis, aquelas portáteis sempre tããão higiénicas, e o nosso cérebro, sempre a fervilhar de ideias, lembrou-se: É uma empresa que aluga aquelas casas de banho para Festivais, concertos, casamentos, baptizados, funerais, enfim, para qualquer sítio onde se junte muita gente com vontade de fazer chichi, não é? Pensamos logo a seguir, quem terá inventado esta empresa? Não sabemos quem foi, mas deve ser o orgulho dos pais. “Ah, o meu máivelho é advogado, o do meio é engenheiro, e o máinovo aluga retretes… é a luz dos meus olhos, aquele petchéno!”.
In Azórica nº 16, Jornal dos Açores, Edição de 3 de Setembro, 2005

sábado, 3 de setembro de 2005

Furacão Katrina

A propósito do último post "Notas soltas", no qual, no seu 4º ponto, fazíamos uma sátira às pilhagens que se sucederam ao furacão na "grande potência civilizacional", após a tomada de consciência e constatação da dimensão do desastre - só no Estado do Louisiana mais de dez mil mortos e, em termos gerais, mais de 100 mil refugiados e de milhares de pessoas completamente dependentes da ajuda que não chega - damos a mão à palmatória e somos obrigados, moral e eticamente, a colocar a ênfase da crítica não nas pilhagens, mas sim na impotência das autoridades governamentais.
Assim, a humilhação da América, mais do que às imagens sobre pilhagens, fica a dever-se à inoperância das suas autoridades que não souberam precaver-se, prever o desastre, alertar e socorrer de forma atempada e eficiente a sua própia população. Não será humilhante para Bush, ouvir de Hugo Chavez "Então a superpotência salvadora do mundo não previu o desastre nem tinha meios de evacuação para accionar?" ou ouvir de Fidel Castro que está disposto a apoiar as populações mais isoladas com medicamentos e uma centena de médicos?
Já agora, como é que se presta apoio a um país que orgulhosamente costuma exibir a sua riqueza, desenvolvimento e domínios mundiais? Porque não foram accionados os planos estatais de emergência ? Recorde-se que muitos não tiveram meios para fugir... Aquelas imagens não serão, também, reveladoras da pobreza escondida na América?

Para acabar, face à dimensão do desastre e à falta de apoio, as pilhagens, se calhar, eram o único recurso possível para a sobrevivência. Como dizia uma das sinistradas "neste caso, não há ricos nem pobres, mas simplesmente pessoas que querem sobreviver"

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