Furacão Katrina
A propósito do último post "Notas soltas", no qual, no seu 4º ponto, fazíamos uma sátira às pilhagens que se sucederam ao furacão na "grande potência civilizacional", após a tomada de consciência e constatação da dimensão do desastre - só no Estado do Louisiana mais de dez mil mortos e, em termos gerais, mais de 100 mil refugiados e de milhares de pessoas completamente dependentes da ajuda que não chega - damos a mão à palmatória e somos obrigados, moral e eticamente, a colocar a ênfase da crítica não nas pilhagens, mas sim na impotência das autoridades governamentais. Assim, a humilhação da América, mais do que às imagens sobre pilhagens, fica a dever-se à inoperância das suas autoridades que não souberam precaver-se, prever o desastre, alertar e socorrer de forma atempada e eficiente a sua própia população. Não será humilhante para Bush, ouvir de Hugo Chavez "Então a superpotência salvadora do mundo não previu o desastre nem tinha meios de evacuação para accionar?" ou ouvir de Fidel Castro que está disposto a apoiar as populações mais isoladas com medicamentos e uma centena de médicos? Já agora, como é que se presta apoio a um país que orgulhosamente costuma exibir a sua riqueza, desenvolvimento e domínios mundiais? Porque não foram accionados os planos estatais de emergência ? Recorde-se que muitos não tiveram meios para fugir... Aquelas imagens não serão, também, reveladoras da pobreza escondida na América? |
Para acabar, face à dimensão do desastre e à falta de apoio, as pilhagens, se calhar, eram o único recurso possível para a sobrevivência. Como dizia uma das sinistradas "neste caso, não há ricos nem pobres, mas simplesmente pessoas que querem sobreviver"
3 comentários:
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...acho pusilânime que se faça análise política sobre os cadáveres e os despojados de New Orleans ! Não me espantaria que daqui a dias uma das habituais luminárias do costume venha, com um sorriso nos lábios, afirmar que quem semeia ventos colhe tempestades.
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(a propósito vim aqui pela 1ª vez e granto regressar...apesar do anonimato dos tunalhos.)
João Nuno Almeida e Sousa
Em resposta ao último comentário do João Nuno, estou de acordo, não se deveria fazer análise política sobre os cadáveres e despojados de New Orleans, - e sobre os que não foram sinistrados?! - mas é quase inevitável: é o que mais se vê na nossa Comunicação Social, entre os comentadores e mesmo nos EUA, de onde já se ouviram comentários de que o atraso do apoio se deveu à divisão política americana, o que, a ser verdade, seria grave, numa altura em que deveria haver união em vez de aproveitamento político. O comentário, não me querendo armar em comentador de política internacional – o Nuno Rogeiro não havia de gostar –, queria apenas destacar a estupefacção de todos nós: Por um lado, face à dimensão histórica de um país poderoso que foi incapaz de agir eficazmente perante o desastre – ainda que, reconheçamos, de tremenda dimensão; por outro lado, face às imagens de pobreza americana “submersa”, que agora desponta aos olhos do mundo. Quanto à 2ª parte do comentário, se bem percebi, seria muito mau alguém “com sorriso nos lábios” vir regozijar-se da “tempestade”, quiçá enviada por uma qualquer divindade, emergindo como uma espécie de castigo resultante dos “ventos” semeados pelo Sr. Bush!…
Os Tunalhos agradecem a passagem pelo blog, mas desde já advertem que é muito raro haver aqui assunto sério, pesado e triste, mas mais chalaça “democrática”, sátira social e humor “insustentável”. É que, já dizia a nossa avó, “tristezas não pagam dívidas”.
Finalmente, quanto ao anonimato dos Tunalhos, isso não é bem assim (só 50%), pois já somos “artistas” sobejamente conhecidos, - a nossa foto está neste blog http://tunalhos.blogspot.com/2005/08/campanha-ao-rubro-1-outdoor.html - e a nossa actual candidatura (oficiosa) à Câmara Municipal de Ponta Delgada - a vitória é garantida - vai acabar com o pretenso anonimato. Em todo o caso, há alguma razão, já que somos quatro, não temos assinado os posts individualmente, ou seja, escondemo-nos uns atrás dos outros. Isto também é pusilânime e foi propositado! A ideia era para, no caso de dizermos alguma coisa que originasse uma qualquer acção em tribunal, podermos, assim, adiar ad infinitum o julgamento – ora, agora faltas tu, ora agora falto eu! Mas como não podemos andar sempre a fugir à justiça e como sou quase sempre eu que me dou ao trabalho de vir ao blog – os outros não são casados e estão sempre muito ocupados - prometo que vou alterar a situação. A nossa crónica na Azórica é que será sempre assinada por todos já que resulta de um brainstorming colectivo – e a partir da próxima semana virá sempre com a nossa foto. Vai ser bonito!
Cumprimentos ao pessoal do “Ilhas”.
El Greco (João Gregório)
Olá, li um artigo vosso no Jornal Açores sobre o terrorismo porque uma amiga minha tinha feito muitos elogios sobre a vossa candidatura à camara da cidade. Vim à net ver se tinha algo vosso, e encontrei isto. Queria dar-vos os parabéns, tenho adorado os vossos artigos. Continuem que eu vou continuar a ler.
Catarina Alves
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