sexta-feira, 18 de novembro de 2005

Isto é d´arder

Falemos das motivações que estão por detrás dessas manifestações calorosas e contagiantes em Paris que, à falta da madeira – sempre achámos que nunca se devia ter destruído a floresta de Paris - queimam os carros para proporcionar o aquecimento de um Inverno que muito promete.
1 -Meus amigos, vamos desvendar aqui um segredo: os Tunalhos estavam a planear fazer uma surpresa às suas mulheres, nomeadamente levá-las numa viagem a um sítio romântico. Pois bem, acertaram… Paris, a cidade luz, que nos dias de hoje brilha tanto que até ofusca, ou então, ofusca tanto que até brilha. Resolvemos adiar. Não sabemos muito bem porquê, até tínhamos à nossa espera no Continente 2 BMW novos oferecidos pelas Selecções do Reader’s Digest prontos a usar. Enfim, teríamos gostado de experimentar, pela primeira vez, um jantar à luz das velas … dos carros a arder, mas depois achámos que o melhor era ficar aqui a apanhar com os sismos que sempre é mais seguro.
Portanto, férias de surpresa para as nossas meninas, agora …deixa cá ver, Amã, não, Sharm-El-Sheik, não, Bali, humm… é melhor não…talvez Cancun. Mas também já ouvimos dizer que costumam andar para lá umas Wilmas e mais não sei quem, que costumam “alevantar” cabelos e destruir tudo!

2 - Mas falemos então das motivações que estão por de trás dessas manifestações calorosas e contagiantes que, à falta da madeira – sempre achámos que nunca se devia ter destruído a floresta de Paris - queimam os carros para proporcionar o aquecimento de um Inverno que muito promete. Há quem diga que isto é uma crise - não o será certamente para o ramo automóvel – de motivos profundos – pelo menos a razia é bem profunda - e que o seu prolongamento é da culpa do ministro do interior francês que apelidou os manifestantes de “escumalha”. Agora é só ver: tudo se espraia em efeito de bola de neve e já transbordou – gostamos deste verbo e de alguns substantivos da família - para outras paragens. Portanto as motivações são … nenhumas?! Ah…pronto…está bem, então os jovens estão sem fazer nada e isto é só para se entreterem! Ah, não?! Ok, certo, ninguém olha para eles, não há apoio social, não há integração. Pronto, esta é a melhor explicação, porque aquela de se lhes chamar um nome feio, não colava muito bem. Senão no nosso país, com tanto nome que na estrada chamamos uns aos outros, era ver o pessoal, todos os dias, a queimar carros. E é assim que vamos caminhar unidos para uma Europa, não das Nações, mas sim uma Europa das Combustões múltiplas e integradoras.
Nós estamos agora é com algum receio. Enfim, costumava-se dizer que chique era falar francês e tocar piano e agora não sei se a nossa juventude, influenciada pelos ventos culturais dessa Europa da frente, não vai querer também imitá-los culturalmente. Algum dia estamos a ver no nosso país marginais a riscar carros, ou a incendiar coisas, ou nas nossas ilhas os repatriados começarem a fazer coisas dessas para depois a gente os expulsar para o seu país de origem, onde viveram a infância e onde foram educados.

3 - Por causa destas notícias estávamos nós a fazer um zapping e parámos momentaneamente no “cofre”, o concurso da RTP, apresentado pelo Jorge, o Gabriel, e ficámos escandalizados com aqueles esquemas que se costumam engendrar para que o Zé povinho fique de plantão a ver os programas. Então era assim: o people que quisesse participar no jogo de casa, para ganhar um leitor de DVD’s, tinha que responder pelo telemóvel a uma questão que era “Quantos dias tem uma semana”. Ora isto não se faz. Não é eticamente aceitável nem concebível do ponto de vista epistemológico e ontológico! A televisão, que é um serviço público, deveria perceber que o nível intelectual do nosso país ainda não é tão elevado para que a maioria da população pudesse responder a questões filosóficas dessa índole. Isto é d’ arder!
In Azórica nº 26, Jornal dos Açores, Edição de 12 de Novembro, 2005

1 comentários:

RD 18/11/2005, 18:46:00  

:)))
Giro como sempre.
Abraço a todos.

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