sexta-feira, 28 de abril de 2006

Histórias do quotidiano

Histórias do quotidiano…

Não aguentamos mais! Temos de vos contar! Por vezes vemo-nos envolvidos em certas situações e temos de lidar com pessoas menos evoluídas moral e intelectualmente. Sentimos logo a tentação de contar a história a alguém, mas ficamos com receio que pensem que estamos a “gozar”. Mas, desculpem lá, não aguentamos mais, temos de contar isso a alguém…

1 - O episódio de quarta-feira Santa, quando mais de uma centena de deputados faltou às votações no Parlamento, originou muito comentário e alarido. Uma pouca vergonha, dizem uns… muitos! Aqui no parlamento regional essa situação seria impensável: pode não haver assuntos na agenda de trabalhos, mas falta de quórum nunca haverá!
A verdade é que há justificação para os senhores deputados irem mais cedo para casa! O seu Estatuto considera motivo justificado para a falta, entre outros, por exemplo, a doença (diz-se muito por ai que o país anda doente… esta é válida), o luto (pois, outros dizem que o pais está morto), a missão ou trabalho parlamentar e o trabalho político ou do partido a que o deputado pertence (oi, oi, oi então esta última justifica tudo, até ir ao futebol).
Mas também houve justificações por motivo de paternidade - presumimos que muitos terão mesmo saído para conceber, accionando o início da paternidade - pelo menos no CDS, foram dois os casos declarados. O que até faz sentido, vindo dum partido pró-vida, duma linha mais conservadora e liberal, onde a procriação está sempre no centro das atenções - até para se poder cumprir os objectivos do crescimento económico, competitividade e produtividade (mais população jovem e activa). E tudo isto leva-nos a uma conclusão muito interessante e pertinente: os putos…para nascerem na Primavera é porque foram concebidos no Verão!

2 - Recentemente foi notícia no nosso país uma mulher que foi submetida a uma operação ao pé errado, deveria ter sido operada ao pé direito, mas quando acordou da anestesia viu que o pé esquerdo é que tinha ido à faca. Em qualquer vila realmente não sabemos qual o peso a dar a esta notícia, mas a verdade é que ela se passou no Centro Hospitalar Vila Real/Peso da Régua. Rosa tem problemas no pé direito desde pequena. Inclusive, esse pé, portanto, o direito, já havia sido submetido a uma cirurgia há quatro anos atrás. Actualmente, vinha sendo acompanhada e havia feito todos os exames a este pé – exacto, o direito - para ser operada. Acordou e tinha gesso no pé esquerdo, fazendo com que, mantendo-se as dores no direito, quase não consiga andar.
Rosa tentou obter esclarecimentos junto do médico responsável pela operação, ao que este lhe terá dito que também o pé esquerdo tinha problemas e que necessitava de uma intervenção. Ora a acção do médico está correcta. Antevendo eventuais problemas naquele pé, portanto, no esquerdo - problemas actuais, futuros…quem sabe? –, o médico cumpriu aquela célebre expressão pombalina “Cuide-se dos vivos e enterrem-se os mortos”, intervindo no pé que efectivamente estava vivo. Por outro lado, revelou uma elevada capacidade ao nível da produtividade, gestão e racionalização dos recursos: já que estava ali para operar o pé direito, porque não operar (de vez) o esquerdo? Pronto, foi o que fez: começou por esse e depois há-de ir ao outro! Mas para a próxima dêem-lhe uma pedra para colocar na mão direita, não vá exceder-se de novo no zelo.

3- É por causa destas desgraças que nós (Tunalhos) temos que fazer alguma coisa. Desculpem lá, não aguentamos mais, temos de contar isso a alguém… Os Tunalhos vão actuar no dia 13 de Maio no Coliseu Micaelense.
In Azórica Nº 49, Jornal dos Açores, Edição de 22 de Abril de 2006

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