quinta-feira, 1 de junho de 2006

O desporto Rei

É bom ver que muitos séculos depois de a pátria Lusa se ter unido para combater os mouros, expulsar os castelhanos e escorraçar as tropas de Napoleão, há ainda motivos nobres que fazem juntar toda uma nação sob uma bandeira. E que motivo mais nobre se poderia exigir hoje em dia, do que o futebol?

1 - Pois é, caríssimos leitores, hoje, não havendo invasores das arábias nem da Espanha, é o futebol (conhecido como desporto Rei) que desperta em nós o mais nobre sentimento patriótico!
E tudo começa com o seleccionador da equipa de todos nós - esse grande português que é Scolari. O próprio nome do senhor indica que é um descendente luso a 100%, das famílias dos Scolari dos Santos... Pois, pois! Mas o que é certo é que o mister se dirige a cada um de nós a pedir apoio com cachecóis, camisolas e bandeiras de Portugal.

2 -
É verdade meus senhores, a imprensa anda toda desorientada a falar do livro do Carrilho e da guerrilha em Timor, do preço do gasóleo e tal, e ninguém (excepto os Tunalhos, claro!) se lembra de analisar aquilo que realmente interessa ao mundo e que é "A Mais Bela Bandeira de Portugal", o evento realizado no estádio do Jamor, em Lisboa, no fim-de-semana passado (que foi o fim-de-semana antes deste).
Ora bem, quando nós ouvimos dizer que aquilo era uma bandeira feita só por mulheres pensámos logo "Está certo, deve ser uma bandeira feita em ponto-cruz ou arraiólos". Logo vimos que estávamos enganados... aquilo, afinal, era uma bandeira feita mesmo pelas mulheres que foram ao estádio. Foi lindo! Umas vestidas de verde (entre as quais as mulheres dos jogadores do Sporting), outras vestidas de vermelho (que eram as mulheres, ex-mulheres, namoradas e amantes dos jogadores do Benfica) e outras vestidas de amarelo (que deviam ser as mulheres dos jogadores da... do... bom! Eram as mulheres dos jogadores de um clube qualquer que equipa de amarelo). Aquilo estava giro e tal, com a Dulce Pontes a cantar "A Portuguesa" em versão acústica e as mulheres todas em delírio.
E tudo parecia bem, mas depois nós pensámos: "Espera aí! Então se a bandeira está ali, feita pelas mulheres no revaldo, onde é que está o varão para a pendurar?" Ora, a resposta surgiu rapidamente. Com mais de 15.000 mulheres no revaldo, era óbvio que eram os homens que estavam a assistir nas bancadas que estavam a tratar de "erguer" o varão!!
Nunca uma bandeira fez erguer tão alto a "moral" dos homens deste país.

3 - Para terminar, e numa semana em que a crónica se dedica em exclusivo à temática do futebol, gostaríamos só de abordar aqui dois assuntos de última hora acerca de jogadores da selecção tuga.
Em primeiro, dizer que compreendemos a decisão do Scolari em não convocar o Quaresma. É que, como o tipo é cigano, eles tiveram medo que ele começasse a vender camisolas e cachecóis falsificados a 10 euros a dúzia... Ia ser chato para o merchandising da Federação Portuguesa.
Em segundo lugar, revelar aqui, em primeira mão, que Pauleta - a estrela dos Açores - vai abandonar a sua carreira no final deste Mundial na Alemanha. O jogador terá dito "Vou deixar a minha carreira, por causa das lesões, sobretudo na cabeça... é que depois de tanta cabeçada no flamengo, tou com um traumatismo craniano". Ou seja, Pedro Pauleta vai deixar de fazer publicidade a queijos para se dedicar somente ao futebol.
Por esta semana é tudo, abraços e até mais ver!

In Azórica Nº 54, Jornal dos Açores, Edição de 27 de Maio de 2006

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