quinta-feira, 1 de junho de 2006

O efeito pimba

Estive mesmo para assistir ao Rock in Rio este ano, mas infelizmente não consegui ir por falta de tempo ($). Todavia, e como gosto sempre de ver as coisas pela positiva, não entristeci completamente, porque apesar de não ter ido ao Rock in Rio, eu vou ao I Festival de Ponta Delgada.

Assim, e sem nada para fazer, decidi ir ao cinema ver “O Código da Vinci”. Aí há uns tempos atrás, quando o livro começou a causar furor e não havia quem não o comentasse freneticamente, optei por recusar a mim mesmo o prazer de o ler. Sou um pouco assim, sofro do “efeito pimba”.

O que é o “efeito pimba”? Bom, quando um produto atrai a muita gente com os mais variados gostos, deduzo que seja assim por ser comercial, logo não me atrai.

Todavia, a situação chegou a um ponto ridículo, já que cerca de 25 milhões de pessoas já o tinha lido e adorado. Então pensei cá para mim: ”Eu não devo estar certo sozinho e os outros 25 milhões de pessoas espalhadas pelo mundo estão todas erradas, não é?”. Por isso, dei-lhe o benefício da dúvida e lá desembolsei 18 euros pelo livro.

Comecei com dúvidas, mas depois dei por mim a devorar as páginas e a ir à net analisar a “Última Ceia” e a visitar o site do Louvre e tudo e tudo. (Isso quer dizer que gostei do livro).

Só que, à laia de bola de neve, as coisas começaram a ficar um pouco fora de controlo. Apareceram doutores com altas teses a contradizer os “factos” do livro, a Igreja reagiu indignada, escreveram-se uns 200 livros sobre os Templários e a Opus Dei e a Irmandade do Sião, os canais de televisão lançaram debates intelectualóides sobre o tema, e até o Discovery Channel fez grandes documentários sobre o Santo Graal e sobre Maria Madalena e Jesus.

Ao assistir a isso tudo, houve uma pergunta que me saltou logo à mente: qual foi a parte da palavra “Romance” que vem na capa do livro que as pessoas não perceberam?

Eu sei que o livro ganhou o crédito de lançar o debate sobre factores importantes e esquecidos (como os Evangelhos Gnósticos) e que o tema é controverso, ataca os próprios alicerces do cristianismo, mas aqui entre nós… é um romance!

Eu também podia escrever uma teoria bem elaborada e “fundamentada” a defender que os Açores foram descobertos pela Irmandade Talassodicense da Birmânia no séc. II e que o governo sempre escondeu este facto porque… sei lá, porque não gosta de russos. Mas daí a dedicarem um programa inteiro dos Prós & Contras a isso e a levarem lá um Professor Doutorado na temática Talassodicense para discutir com um defensor da Teoria Birmanesa vai um grande passo…

Conclusão: o “efeito pimba” quando chega, chega para todos, até para os doutores e intelectuais…

PS- parabéns ao Dan Brown que já está podre de rico…

In Jornal dos Açores, Edição de 31 de Maio de 2006

2 comentários:

Caiê 01/06/2006, 14:23:00  

O pessoal já não tem é mais nada de jeito para investigar, Migo... Além de que é sempre seguro falar sobre Maria Madalen e Jesus. Eles nunca vão vir dizer "Alto aí e pára a tese! Isso nunca na vida foi assim!" ;)

Tunalhos 01/06/2006, 15:22:00  

Que é lá agora isso? Quem é o gajo que anda a fazer concorrência aos artigos dos Tunalhos e até usa o nosso blog para colocar os seus artigos...armado em jornalista de última página? Ai és tu Análio?! Pronto, está bem... estás desculpado!

El Greco

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