sexta-feira, 21 de março de 2008

Estou a ficar velho...

Detesto começar um post com a seguinte frase, mas... no meu tempo não havia nada disso. E reparem que “o meu tempo” foi há uns 10 anos atrás, não estamos propriamente a falar de 1972 nem do “Deus, Pátria e Família”.

Isso de ser professor hoje em dia deve ser das profissões mais ingratas que existem em Portugal. Pronto, é verdade (vão matar-me por dizer isso, mas...) que a classe docente é um bocado chata... digo, reivindicativa. Nunca estão satisfeitos com nada e acham sempre que têm direito a tudo. Desde que entrei para a 1ª classe até hoje, ou seja, desde que me lembro, acho que não houve um ano que não fizessem uma greve qualquer por causa de uma coisa qualquer. Ora por causa das carreiras, ora por causa das colocações, ora porque o café da cantina estava frio, ora porque estava calor, ora só porque sim...

Mas a situação que se vive hoje em dia começa a ser ridícula. Quando é que eu ou alguém, repito, há dez anos atrás, falava assim com um professor? O professor era uma figura que representava autoridade e que, na escola, era a lei. Não, não éramos nenhuns santos, nem perto disso, mas os excessos acarretavam consequências. E, na maior parte das vezes, as maiores “consequências” recebiam-se depois das aulas em casa!

Aquela rapariga histérica aos gritos por causa do telemóvel e a turma atrás a mandar vir e a incentivá-la era caso para se distribuírem umas estaladas pela sala. Mas não, o que vai acontecer é que os papás vão ter pena da menina, a vítima, e vão mandá-la ao psicólogo para determinar as causas do seu stress. O psicólogo vai concluir que o problema dela é ser uma adolescente mimada e vai receitar-lhe uns Xanax para acalmar o nervo. Os papás, cheios de pena, vão dar-lhe muito carinho para ela ultrapassar o trauma de ter aparecido nas notícias e o abuso mental da docente. Ah, e aproveitam para lhe oferecer uma Playstation nova, não vá ela meter-se na droga ou qualquer coisa assim...

A professora? Essa vai ter de amarrar a burra e, apesar de ser a chacota da escola, vai ter de ir dar aulas no dia a seguir...

3 comentários:

Anónimo 22/03/2008, 18:50:00  

Aquela miúda levava uns bons tabefes a ver se tomava tino....

Qt à professora, esta terá agora 2 semaninhas de férias para recuperar do trauma. A maior parte da população não tem essa sorte.......

Note 24/03/2008, 11:41:00  

Ai, ai!! Um psicologo a receitar medicação?! =D
Concordo 100% contigo! Que os professores às vezes julgam que são uma classe distinta da restante sociedade, é verdade. Agora...aquilo que se passou naquela sala de aula (e em quantas mais, pergunto eu)é absolutamente inqualificável, injustificável e inadmissível (e apenas porque nao me lembro de mais adjectivos com o prefixo "in")
A serio...realmente no "nosso tempo" seria qualquer coisa de impensável...
Qualquer dia, quando os professores andarem à procura de colocação, nos anuncios aparecerá qualquer coisa como: "dá-se preferencia aos licenciados que tenham experiencia em uso de bastão e frequencia de pelo menos 5 anos de artes marciais"
Sad!

Anónimo 24/03/2008, 22:23:00  

Não metas o Psicólogo ao barulho!
Eu como futura, se recebesse essa menina no consultório, além de não receitar Xanax (porque não podia mesmo receitar o q quer que seja) não lhe passava a mão pela cabeça. O remédio para a má educação é outro.

Concordo completamente contigo.
Ainda à 3/4 anos atrás andava eu no secundário, e mesmo aí (porque os profs de Humanidades são sempre a mobília mais velhota da casa) não havia faltas de respeito.
Ainda sou do tempo (LOL) em que o respeito que tinhamos pelos profs, com o tempo tornava-se numa coisa chamada Amizade. As pessoas falavam no fim das aulas, cumprimentavam-se nos corredores, na rua. Ainda sou do tempo em que se ofereciam flores à professora da primária, só porque sim.

Lamento dizer, mas a culpa não é desta geração "morangos com açúcar", é da nossa geração que não está a saber educar os filhos. Nós, geração pós 25 de Abril até aos 80's, que jurámos que nunca iriamos dar uma rabada nos putos porque não é pela "violência" que se educa...

Está a funcionar??? parece que não.

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