Comemoração Concertada
Se parecia um contra-senso, no primeiro dia de Primavera chover daquela maneira, efectivamente tudo estava planeado pelo divino: nós, os poetas, não tínhamos que nos levantar, não tínhamos que falar bem da Primavera, mas lamentarmo-nos poeticamente do cinzento daquele dia e por termos que ir trabalhar quando devíamos “comemorar o sono”…
Enfim, foi um dos dias mais longos do ano: fui trabalhar com sono e à noite assisti a sessões de poesia! O meu sobrinho também quis que eu ouvisse uma “prosa” que fez, a pedido da professora: “Neste Dia Internacional para a eliminação da discriminação racial” – ah, pois, ainda havia mais - “ eu portei-me muito bem. Em vez de quatro socos, só dei um murro, pequenito, a um dos chinocas que frequenta a minha escola. Mas não tenham pena dele, porque quando for grande ele vai ter muitas lojas e restaurantes e eu vou andar por aí só a chatear e sem fazer nada. Já estou com sono, mas, antes de me deitar, ainda tenho que plantar uma árvore no meu jardim, destruído pela tempestade deste primeiro dia primaveril …de bosta. Amanhã comemora-se o dia da Água e eu aproveito esta composição para dizer que a água é muito boa… mas o vinho, p--- que o pariu!”
2 - No dia da água, efectivamente choveu muito! Meter água é o que mais se vê! E por falar nisso, em discriminação e em Primavera - altura em que os carrapatos começam a mostrar-se - atente, o leitor, numa notícia avançada pelo DN: os portugueses ficaram a saber que a Direcção-Geral dos Impostos (DGCI) deixou caducar uma alegada dívida de IRS superior a € 740 mil ao contribuinte António Carrapatoso. Ao que parece, o António, coitado, é empresário. É presidente de uma pequena empresa que até alguns podem conhecer… chama-se Vodafone Portugal. O nome realmente é familiar, não é?
Ficamos felizes pelo António! A sério! Pobre do homem. Ele é trabalhador, humilde e pobre… de certeza que esses € 740 mil ficam melhores no bolso dele do que nos bolsos do Estado que está cheio de dinheiro e é muito gastador.