sábado, 31 de dezembro de 2005

Agarra o momento!

Caro leitor, foram “caquilhões” de mensagens, mas as operadoras não querem falar nos lucros - nem as ouvimos falar das inúmeras, eventuais, pouco prováveis, inexistentes mesmo, campanhas solidárias … nem um cêntimo, por euro ganho, para a cruz vermelha ou para a Ami. Ah, pois, “ami, ami negócios à parte”...

1 – Mais uma notícia de regozijo: um novo recorde histórico foi estabelecido pelos portugueses entre os dias 22 e 25 de Dezembro com o tráfego de mensagens escritas (SMS) e multimédia (MMS), de acordo com os dados fornecidos pelas operadoras de telecomunicações móveis. Caro leitor, foram “caquilhões” de mensagens, mas as operadoras não querem falar nos lucros - nem as ouvimos falar das inúmeras, eventuais, pouco prováveis, inexistentes mesmo, campanhas solidárias … nem um cêntimo, por euro ganho, para a cruz vermelha ou para a Ami. Ah, pois, “ami, ami negócios à parte”, preferem dizer, ou ainda “Até já”, ou então “Vive o momento. Now!”, vive agora, consome(-te), diverte-te, palhaço, com o envio de mais uma mensagem daquelas …das renas que se estamparam ou do Pai Natal que se atrasou porque esteve a fazer amor com a sua Maria , a Mary Christmas. Portanto, caro leitor, “Segue o que sentes”, ou seja, pega no instrumento… de 3ª geração (ou não) e “fala, ouve, vê, inspira-te, escreve, joga, filma, fotografa, envia, experimenta e sente” e o resto logo se vê. Quando deres por ti já a tua companhia está enrolada a dormir e o momento foi-se. Mas não faz mal, a vida continua e o futuro está muito longe para ser vivido ou sequer planeado.

2 - Possuídos por uma inspiração reaccionária – aqui está, estamos a seguir o que sentimos –, propomos que se acabe de vez com este absurdo! Logo mais, não vamos mandar mensagem nenhuma àqueles amigos a quem não ligamos patavina durante o ano – até porque de certeza que já a enviámos na semana passada. Não lhes vai acontecer nada de mal e se alguma coisa lhes acontecer, já se sabe que a desgraça chega depressa ao nosso conhecimento. Os nossos amigos vão certamente passar umas festas agradáveis e o ano novo vai ser muito próspero com o 1,5 % de aumentos, anunciado pelo governo, que representa uma diminuição do poder de compra e do salário real, mas perfeitamente capaz de fazer face às exigências do país irreal de que falávamos numa crónica atrás.

3 - Por isso, mais logo, vamos todos tentar bater um novo recorde: não enviar mensagens nenhumas e vamos curtir a noite. Primeiro dirigimo-nos a uma caixa Multibanco e como no dia a seguir já sabemos que vamos ter mais dinheiro (o tal 1,5%), vamos tentar ultrapassar o outro recorde conseguido na semana passada:1,5 milhões de operações de levantamento em Multibanco que totalizaram 115 milhões de euros em todo o país, só no dia 23 de Dezembro. Vamos viver o momento, afinal a crise nunca existiu. São muitas as ofertas disponíveis em Ponta Delgada para passar umas horas divertidas e fazer desejos de ano novo – mas sem SMS. Temos, como primeira hipótese, o aconchego do lar, que normalmente fica em conta e não precisamos de nos levantar do sofá para trazer o carro. As Portas da Cidade também são uma boa opção, local bem animado, concorrido e barato, se bem que aconselhamos que faça um seguro, não vá levar com um foguete very light bem no meio da testa. Este ano vai haver uma novidade: um grande espectáculo musical com fogo de artifício – parece que o céu fica colorido… é bonito! Se tiver dinheiro, - cá está, o 1,5% vem a calhar - , poderá dirigir-se ao grande baile do Coliseu, ou ao requinte dos clubes e dos hotéis. Mas não se esqueça: não envie mensagens nenhumas a ninguém! Bom Ano!
In Azórica, Nº 33, Jornal dos açores, Edição 31 Dezembro, 2005

P.S. “Passas” (12) aí o espumante se faxavor!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2005

Comentários?

Aqui entre nós, acho que estamos a atingir um grau de intelectualidade assustador. É que a partir do momento que começamos a dizer coisas (quase) inteligentes, deixamos de ter tantos comentários...
Então, amigos? Comentáriozinhos, não é só ler e rir da nossa agnosia crónica...
Hélder Medeiros

PS - Chiça, desculpem lá, mas a parte da "agnosia crónica" foi profunda!

terça-feira, 27 de dezembro de 2005

Feliz "occipital"

Primeiro, não há canal que se preze que não tenha um Natal dos Hospitais. Vimos ainda ontem no site da NBC que o Conan O’Brien ia apresentar um programa chamado The Hospital´s Christmas. Segundo, é nossa forte convicção que se devia passar a celebrar o Natal em Agosto, e já explicamos porquê.


1 - O Natal é um tema que já nos vem acompanhando, pelo menos há meia dúzia de crónicas atrás, mas na verdade esta coisa impregna-se de uma tal maneira nas nossas vidas, logo a partir de Outubro de cada ano, que não há maneira de lhe fugir. No dia de hoje, véspera do dito cujo, era mais uma vez inevitável.
Todos os anos é a mesma coisa! Começou há muito tempo atrás. Os enfermos estavam nas suas caminhas, a descansar e a recuperar do malefício que os levou a adoecer, quando de repente, algures numa reunião de executivos num escritório no último andar de um qualquer edifício, alguém levantou-se da cadeira com os olhos a brilhar e gritou para os seus demais colegas: “Já sei, tive uma ideia! Vamos fazer um Natal dos Hospitais!” E catrapimba!! Nunca mais parou! São seguidos! Aliás, não há canal que se preze que não tenha um Natal dos Hospitais. Vimos ainda ontem no site da NBC que o Conan O’Brien ia apresentar um programa chamado The Hospital´s Christmas.
Quer dizer, meus amigos! Coitados dos doentinhos, já não lhes basta as intravenosas e os gessos e os soros e os pontos e os pensos e as algálias, essas coisas todas? Ainda têm de ser arrastados dos seus quartos para ver o Manuel Luís Goucha a apresentar o Toy? “Oh sim, eu estava triste por ter o occipital fracturado, ter caído num barril de ácido e ter perdido um rim e um olho, mas agora que o Toy veio aqui cantar, sinto-me bastante melhor.”

2 – Faz hoje oito dias que se assistiu ao "Quebra-Nozes" no Teatro Micaelense, espectáculo que esgotou rapidamente. A maior parte de “nós” só come “noz” já partida ou usa os dentes para parti-la. Além disso, só conseguimos ouvir Tchaikovsky pela banda filarmónica da terra. Daí que a chegada do evento tenha sido bem recebida, embora apenas para o bolso de alguns, claro!
Isto só foi possível graças ao patrocínio de uma empresa privada… parece que a “cultura do mecenato” está a crescer no arquipélago. Mas isso é fruto, tubérculo ou o que é? Quantos kg de semente dessa cultura “mecenato” chegam para um alqueire de terra? Mas não falemos agora em “cultura regional” que ainda aparece por aí o tribunal de contas!

3- É verdade, faz amanhã 2005 anos que nasceu o Homem. Sabe-se que – nós também não desdenhamos a cultura - Jesus, supostamente, nasceu durante a vida deHerodes, o Grande. Os calendários são contados a partir do ano em que se supõe ter nascido Jesus, mas as pessoas que fizeram essa contagem equivocaram-se com as datas, já que Herodes morreu no ano 4 a.C., de modo que Jesus nasceu no mínimo três anos antes.
Todavia, existem indícios que José recenseou "Joshua ben Jose" (Jesus) como nascido ao dia 21 do oitavo mês, isto no ano 7 a.C. de acordo com os registos Judaicos. (Esperem lá! Portanto, Jesus nasceu 7 anos antes do que é suposto… certo?!) Mas continuando, como se sabe, o oitavo mês é Agosto. É nossa forte convicção que, sendo assim, dever-se-ia passar a celebrar o Natal em Agosto. Seria muito mais interessante. As pessoas estão mais bem dispostas porque é Verão, o tempo está agradável, os dias são maiores, recebemos o subsídio de férias, não temos (tantas) prendas para comprar, o sol brilha, a vida é linda… ah, e há muitas miúdas giras de biquini.

4- De resto, vamos aproveitar o pouco espaço que nos resta para desejar a todos os nossos (três) leitores um Natal muito feliz, com muito amor, muitas prendas – estas sem o nosso contributo - e que esta data se repita por muitos anos…
Para todos, FELIZ NATAL!

PS- não digam que foram ao site da NBC ver se o Conan O’Brien ia mesmo apresentar um programa chamado The Hospital´s Christmas?
In Azórica, Nº 32, Jornal dos Açores, Edição de 24 Dezembro, 2005
P.S (2) O título desta crónica é deveras surpreendente! Uma alusão semântica na forma e no conteúdo da palavra "occipital" ao Natal e ao hospital. Essa importante região do crâneo deve, pois, nesta época, estar bem... é o mesmo que dizer , "neste Natal tenham juizo na cabeça ... não fracturem o crâneo, não se estampem, não vão parar ao hospital" ... qualquer coisa assim! Digam lá se isto não é profundo? Exigimos já o Nobel ... além de que não há melhor campanha para a Prevenção Rodoviária!

Corrida Presidencial

Os Açores já foram granjeados com as visitas de alguns candidatos à Presidência da República, o Professor Cavaco Silva, Jerónimo de Sousa e Francisco Louça. Por enquanto, Mário Soares ainda não veio à Região. Ao que parece, muitos açorianos estiveram na guerra do Ultramar, daí que o candidato esteja relutante em pôr cá os pés…


Esta foto foi-nos entregue pelo próprio candidato aquando a sua visita à Região - posterior à presente crónica. Como os leitores poderão ver, o candidato revela um amplo conhecimento humanista ( o ser humano na sua mais bela expressão), cultural e científico (imitação de Einsten, numa alusão clara à comemoração do ano Internacional da Física que agora termina)
1- Seis de Dezembro, Aeroporto João Paulo II, 19h40, voo da Terceira, chegava uma das nossas mulheres. Qual o nosso espanto quando encontrámos uma pequena multidão à frente da porta de desembarque. Até ai tudo bem, não fosse o facto da indistinta multidão começar a bater palmas, mesmo na altura em que a porta se abriu e ela apareceu. Não fazíamos ideia que fosse tão conhecida. Sabíamos que era séria, honesta e competente, mas daí a ser (re)conhecida por uma multidão de gente incógnita, diríamos mesmo que de uma forma mediática, isso nunca imaginámos.
Por coicidência, logo atrás dela, vinha o candidato à Presidência da República, o Professor Cavaco Silva. Assumido defensor das autonomias, “um motivo de orgulho para todos os portugueses” – exceptuando para alguns economistas mais rigorosos -, Cavaco elogiou os obreiros do projecto autonómico e reconheceu os benefícios da estabilidade política nos Açores.
Falou em momento de crise no país, “situação que não é normal” – mas como assim? Desde que somos história, o normal foi sempre estarmos em crise! Pronto, ele é que é o economista! – e portanto há que “mobilixar” os portugueses e aumentar-lhe os índices de (des)confiança.

2- Mais optimista está o camarada Jerónimo de Sousa – que também passou por cá em campanha -, afirmando que “há muitos portugueses que ainda não se decidiram…está tudo em aberto”. Dai que “há que ter esperança …é preciso não repetir soluções gastas”. Está tudo dito! Isto galvaniza! Privilegiando o contacto directo com o povo, o camarada veio “captar o voto açoriano”. Recebido em audiência, parece que, inclusive, tentou captar o voto do presidente do Governo Regional.

3- Para nos ver “olhos nos olhos” Francisco Louçã também nos visitou, acusando as outras candidaturas de tentarem evitar o debate sobre a situação do “país real”– cometendo logo aqui uma gaffe, pois não existe “país real”, aliás, o nosso país não existe mesmo. Louçã acrescentou que as outras candidaturas tentam uma " impermeabilização do debate político" o que é um "artifício e uma ofensa à democracia". Enfim, “se ao menos essa impermeabilização nos protegesse da chuva!”, acrescentaríamos nós.
Sobre a Europa, “nem uma palavra”, e nesse aspecto “todos deviam apresentar uma visão de Portugal no mundo”. Pois aí é que está o problema: como é que é possível apresentar uma “visão no mundo”, de um país que não existe ou que, pelo menos, não parece ser deste mundo? Não seria mais fácil o país - pronto, já se sabe que não existe - mas não seria mais fácil esse país, vá lá “irreal”, apresentar ao mundo uma visão ideal de um candidato presidencial ?

4- Por enquanto, Mário Soares ainda não veio aos Açores. Ao que parece, muitos açorianos estiveram na guerra do Ultramar, daí que o candidato esteja relutante em pôr cá os pés… Quanto a Manuel Alegre, o poeta, esse até o “vento que passa” o traz até nós, de forma “transversal”, livre no pensamento, independente na acção, pronto para a renovação e cheio de ideias novas – ouviste avô Mário “ideias novas”?! A propósito, dizem que o debate entre os dois foi “bem vivo” – daqui a algum tempo se calhar não poderíamos dizer o mesmo – e “duro” …só se for de roer – isso acontece muito nos velhotes! Falaram em coisas banais, experiência e consistência, ou falta delas…mas qual a diferença entre os dois? Onze anitos?! Bem, isso é alguma coisa! Não há dúvida, Alegre está melhor colocado… não viram que no fim falou às mulheres? Deve estar com mais vigor! Só pode!
In Azórica, Nº 31, Jornal dos Açores, Edição de 17 Dezembro, 2004

A febre natalícia…

Bolas!... Tenho o trabalho de casa todo atrasado... desde há duas semanas que não lanço as crónicas da Azórica. Agora vai tudo de enxurrada! (El Greco)
Parece que os habitantes de S. Miguel resolveram ir às compras todos no mesmo dia. É impressionante! Os centros comerciais estão tão cheios que no outro dia nós fomos para lá de smoking a pensar que aquilo era o baile de Carnaval do Coliseu...

1 - As ruas pululam de gente, o comércio tradicional revitaliza, as registadoras não param, as avenidas enchem-nos os olhos de luz, o centro comercial parece um formigueiro e todos sorriem de alegria. Logo, nós pensamos, das duas uma: ou andam por aí a dar rebuçados, ou então chegamos ao Natal.
Depois de constatarmos que não havia rebuçados para ninguém, eis que a época natalícia está mesmo por todo o lado.
Isto deixou-nos cheios de alegria, porque fomos logo escrever uma cartinha ao Pai Natal (também conhecido como Papai Noel, Santa Claus, Papa Noël - para os leitores estrangeiros da nossa crónica poliglota). Na nossa carta pedimos, entre várias coisas, que Portugal não sofresse tantos males em 2006 como havia sofrido ao longo de todo este ano negro de 2005, ou seja, que nenhum dos candidatos à presidência seja eleito.
Mas, para além disso, e como somos todos uns homens responsáveis e bem comportados, este ano pedimos também 100 pares de óculos - para os fiscais de linha e árbitros da super liga; 100.000.000.000 milhões de euros - para superar a crise do país; um limpa estradas - para eliminar a bosta das estradas regionais (andamos sempre com o carro todo sujo); e o DVD da Pequena Sereia – porque sim, porque é bonito.

2 - Quem também anda atarefado são os cerca de 125.000 habitantes da ilha de S. Miguel, que parece que resolveram ir todos às compras no mesmo dia. É impressionante! Os centros comerciais estão tão cheios que no outro dia nós fomos para lá de smoking a pensar que aquilo era o baile de Carnaval do Coliseu...
Não se pode ir para lado nenhum sem se ser atropelado ou sem nos pisarem os pés. Aquilo está de tal forma que ontem estava lá a polícia de trânsito a mandar circular e a passar multas de trânsito aos carrinhos de compras mal estacionados:
- Mas ó xô guarda, eu fui só ali aos hambúrgueres...
- Não quero saber! Deixou o seu carrinho de compras mal estacionado, sem os quatro piscas ligados e ainda por cima não vejo o colete reflector em lado nenhum... Aqui tem a multa e feliz Natal!

3 - Sim, nesta época, seja qual for a situação, as frases têm de acabar todas com um rotundo e sorridente "Feliz Natal".
Diz o médico:
- O seu marido está a ter um AVC minha senhora, mas olhe... Feliz Natal!
Ou então num engarrafamento de trânsito:
-Ó seu palhaço, veja lá se anda mais devagar! Seu grandessíssimo bisonte! E já agora olhe... um Feliz Natal para si e para os seus!

4 - Finalmente, notámos esta semana que as salas de cinema do centro comercial do cachalote branco oferecem um serviço completo de cinema e piquenique. É verdade. Chegámos à sala para uma sessão de cinema e encontrámos pipocas e bocados de chocolate espalhados nas cadeiras, gomas, copos com restos de refrigerantes e, claro, pastilhas elásticas de vários sabores, mesmo ali debaixo das cadeirinhas! Uma maravilha.
In Azórica, nº 30, Jornal dos Açores, Edição de 10 Dezembro, 2005

quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

Parabéns prá gente!!

Pois é, fazemos anos hoje.
Faz neste dia um ano que nos lançaram o desafio: "Construam um blog e escrevam coisas inteligentes e divertidas lá". Já cumprimos metade da promessa, o blog está construido.
Para quem nos tem acompanhado e lido ao longo desta jornada, ou seja, nós os quatro (às vezes três e outras dois), muito obrigado pelas vossas atentas leituras.
Já sabem, podem enviar os donativos para o NIB 0035 2152 6600 0002 4541 67. Donativos acima dos 500 euros têm direito a Lap Dance. Acima dos 1000 euros, bom... a festa é garantida!
Mais uma vez, parabéns à gente!!
Abraços a todos e beijos a todas...
Hélder Medeiros

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

1º Aniversário

Pois... lembrei-me!
Faz hoje um ano que começámos com esta diarreia intermitente... um pouco como a morte do Saramago! Não entrámos (ainda) para a história da blogosfera, mas estamos no bom caminho... muito para lá das estrelas, rumo ao infinito!
Comi sozinho o Tunalhos's cacke. Amanhã pagam-me o café... no sítio do costume! Sim, vocês os 3, 2 ou 1 leitor(es) amigo(s)... membro(s) do blog...
eu!
(Hélder, Vá lá... tenho confiança em ti! Dá-nos os parabéns!)
El Greco
P.S. - As strippers afinal não apareceram!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

Fantasmas e polícias

Foi avistado um fantasma num estabelecimento comercial da Ribeira Grande. Os Tunalhos, sempre atentos a novas oportunidades de negócio, decidiram logo na hora abrir uma empresa: a Ghost Bustaçor. A companhia por pouco não ia à falência...








1- O fantasma da Ribeira Grande anda na boca do povo… pelo menos de três ou quatro pessoas do povo porque as outras têm mais que fazer.
Para quem não lê jornais regionais ou não vê a CNN, fica aqui um resumo da história. Foi avistado um fantasma num estabelecimento comercial da Ribeira Grande. Um guarda-nocturno jura a pés juntos que viu uma sombra a passar e, ao visionar as gravações de vigilância, confirmou que de facto havia uma sombra misteriosa a deslocar-se. O mais interessante é que a cassete foi entregue à PSP para análise, instituição que, como sabemos, é inexperiente em casos destes. A PSP obviamente só poderia afirmar que “o segurança estava com os copos… nós conhecemos a sensação!”. Ainda se tentou a todo o custo entrar em contacto com o Fox Mulder, mas o homem estava ocupadíssimo lá com as suas lides nos X-Files.
Os Tunalhos, sempre atentos a novas oportunidades de negócio, decidiram logo na hora abrir uma nova empresa: a Ghost Bustaçor. Equipados com o mais moderno equipamento de raios plasma e deslocadores de anti-matéria de última geração, dirigimo-nos de imediato ao referido estabelecimento com a intenção de caçar o fantasmagórico fantasma (passamos a redundância).
Depois de passarmos a loja a pente fino, prateleira por prateleira, não encontramos fantasma nenhum. Prestes a desistir, ouvimos um barulho estranho ao fundo. Era um casal de empregados que tinha aproveitado o facto de agora não terem clientela por perto e estavam a marcar os preços … um no outro. Mas eis que logo a seguir o nosso detector magnético de ósmio apanhou aquilo que na gíria chamamos de “espectro”.
Empunhamos os nossos sugadores intradérmicos e partimos à caça. Ao depararmo-nos com o fantasma, qual não foi a nossa surpresa ao constatarmos que o espectro, na verdade, era uma jóia de pessoa (ou do que restava dela)? Ouçam, o homem era simpatiquíssimo, super amável, um amor de fantasma.
Moral da história, a Ghost Bustaçor por pouco não ia à falência. Se não tivéssemos recebido um telefonema de última hora a denunciar umas aparições de espectros a candidatarem-se à Presidência da República, a esta hora não sabiamos o que seria de nós…

2 – Outro assunto do “outro mundo”, que é o nosso, tem a ver com o polícia-boneco que recentemente foi avistado na 2ª circular de Ponta Delgada. Bem, o homem metia respeito, tinha carácter, era alto e forte….e corajoso, porque usava manga curta, apesar do frio estava, o que dava para desconfiar (podiam ter feito a colecção para as quatro estações). Aquilo era bonito de se ver. O pessoal que ia na brasa e o avistava ao longe metia repentinamente o pé no travão. Esta situação, ao que sabemos, terá causado alguns choques, avc’s e descargas intestinais (sobretudo daqueles que iam simultaneamente “com vontade de” e com pressa para o trabalho, a fim de usarem, como é hábito à chegada, o WC do serviço.
Mas aquilo resultava só no início, depois já ninguém ligava. Nós por acaso no outro dia íamos a “speedar” e avistámos ao longe mais dois polícias-bonecos. Bem, esses pareciam mesmo reais, até nos mandaram parar e pediram-nos os documentos do carro e nós “eh seus bonecos estúpidos, ide apanhar no…“ , e vai dai os bonecos enlouqueceram e começaram a espancar-nos com o cacete e não é que até nos conseguiram meter na prisa durante 24 horas ?… Entretanto, nunca mais os vimos. Parece que até já andavam prostitutas a assediá-los! Isto é mesmo do outro mundo!
In Azórica nº 29, Jornal dos Açores, Edição de 2 dezembro, 2005

sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Natal, saldos e pensões

Crise, qual crise? A árvore gigante montada na Praça do Comércio, em Lisboa, representa o equivalente a um prédio de 23 andares e tem mais dez metros do que a que foi instalada o ano passado em Belém. Quem disse que estávamos na cauda da Europa, hein?
1- Temos a maior árvore de natal da Europa. É verdade, Portugal é oficialmente o país com o mais forte espírito natalício e o único que continua a acreditar tão piamente no Pai Natal (é só olhar para os candidatos presidenciais).
Os cerca de 500.000 desempregados que deambulam pelas nossas ruas agora já têm algo com que se entreter, podem ir ajudar a enfeitar a árvore ou, quiçá, simplesmente apreciá-la. Os nossos alunos já não precisam de se preocupar com os débeis níveis da educação, podem orgulhar-se da árvore de natal portuguesa. E professores, esqueçam as greves, para quê? Nós temos uma árvore de natal com 72 metros de altura.
Crise, qual crise? A árvore gigante montada na Praça do Comércio, em Lisboa, representa o equivalente a um prédio de 23 andares e tem mais dez metros do que a que foi instalada o ano passado em Belém – que, como sabem, é o local onde Cristo nasceu…
Que país este, sempre a crescer! Quem disse que estávamos na cauda da Europa, hein? Nós estamos muito para além das estrelas!

2- Por falar em época natalícia, os portugueses este ano têm menor poder de compra do que no ano passado. Vamos sugerir-vos uma pequena ideia que tivemos. Caros leitores, porque não alterar o Natal para o dia 25 de Janeiro?
Se ainda não é óbvio, explicamos porquê. É a época dos saldos. Porque havemos de pagar 35 euros por uma camisola para oferecer no dia 25 de Dezembro ao primo que dá sempre meias e cuecas compradas nos chineses, se podemos pagar 10 euros pela mesma camisola para oferecer no dia 25 de Janeiro ao primo que tornará a dar as mesmas meias e cuecas compradas nos chineses? É uma questão simples de economia.
Vá, vamo-nos todos boicotar às compras de natal este ano e adiar o nascimento do Salvador um mesito. Aposto que ele nem se importava muito…

3 – Extraordinária é também a notícia de que Portugal tem o melhor sistema de pensões da Europa a 15, de acordo com o barómetro de pensões europeu elaborado pela Aon…uma empresa daquelas de estudos e consultadoria e o camano! “Aon de?”, perguntarão os leitores. Leram bem: Portugal! O estudo conclui que o nosso país está em primeiro lugar, como o mais favorável, devido à taxa de crescimento da população – conceito que não entra em contradição com a diminuição da natalidade e com o fenómeno do envelhecimento populacional. Aliás, a propósito, os velhotes agora foram obrigados a rejuvenescer por decreto pelo que os “novos” padrões de trabalho (até idades mais tardias), também contribuem para a surpreendente conclusão, a par da sustentabilidade das pensões. No entanto, uma empresa rival, Watson Wyatt, já veio por em causa essa conclusão, afirmando uma coisa inconcebível: “o cenário do sistema de pensões português não é muito favorável”. Mas afinal em que é que ficamos? Temos, ou não temos, sustentabilidade? Será que o nosso país é mesmo assim tão difícil de se estudar? Somos mesmo os maiores! A nossa (im)previsibilidade e a nossa “insustentável leveza do não ser” deixa qualquer estudioso estupefacto, sem saber o que concluir com rigor!
4 - Outra novidade para animar o nosso ego: Portugal vai ter a seu cargo a organização do Lisboa-Dakar. Como foi isso possível?! Muito simples, nós somos bons a organizar coisas – grandes churrascos para o Guiness, feijoadas, etc – e se fosse o Paris-Dakar, os pilotos sujeitavam-se a iniciar a prova com as viaturas carbonizadas … Bolas este assunto é mesmo “incendiário”! Por falar nisso, os D’ZRT actuam hoje no Coliseu (não está por aí nenhum?)
In Azórica nº 28, Jornal dos Açores, Edição de 26 de Novembro, 2005

quarta-feira, 30 de novembro de 2005

Greve e cacete

... "Cacete" era o que merecia por ter esquecido de "postar" a crónica da semana passada... estive de "greve"... mas pronto aqui vai na mesma!
El Greco
Tive de mudar de avião em Paris e quando sai do aeroporto vi uns homens a queimar uns carros. Pensei cá para mim que era um bocado estranho, mas pronto, são culturas diferentes. Agarrei no meu isqueiro e desatei a largar fogo a um automóvel que estava ali à mão. Achei que fosse um costume qualquer ali daquela zona, sei lá.
1- Esta foi uma semana muito atarefada para os Tunalhos. 75% de nós teve de se ausentar de São Miguel em trabalho, enquanto que os restantes 25% mantiveram-se na ilha a tentar deixar de fumar (umas estatísticas dão sempre um ar erudito a qualquer crónica, não acham?).
Um foi para Inglaterra, outro para o Faial e o último para Bruxelas. De Inglaterra e Faial, nenhuma história de relevo a registar (tirando o facto de se pagar 9 euros por uma bifana em Londres), mas devemos confessar que o nosso outro amigo viveu uma situação deveras caricata em Paris, já que teve que lá parar a caminho de Bruxelas.
Ora aqui vai o relato do sucedido na primeira pessoa: “Tive de mudar de avião em Paris, e quando sai do aeroporto, vi uns homens a queimar uns carros. Pensei cá para mim que era um bocado estranho, mas pronto, são culturas diferentes. Agarrei no meu isqueiro e desatei a largar fogo a um automóvel que estava ali à mão. Achei que fosse um costume qualquer ali daquela zona, sei lá. No Hawaii dão colares de flores aos turistas, em Paris queimam carros. Cada país com a sua tara. O problema foi que depois apareceu um polícia com um cacete que me começou a espancar. E então aprendi um pouco mais cobre a cultura parisiense, porque sempre soube que eram muito famosos pelos seus cacetes, mas pensava que era o pão. Afinal aprendi que o cacete não era pão de comer, mas sim pão de levar porrada, já que o polícia chegou ao pé de mim, levantou o cacete e pão, pão, pão!!”.
Por isso aconselhamos aqueles que viajam a conhecer um pouco da cultura do país para onde se dirigem antes de partirem. Vão ver que a viagem vai correr um pouco melhor.

2- Portugal é oficialmente a capital europeia das greves.
Vive-se hoje um ambiente generalizado de Grevelite Aguda, doença desde sempre muito comum entre os professores. Actualmente, se o chefe diz que é preciso fazer horas extraordinárias, faz-se greve. Se falta uma caneta no escritório, faz-se greve! Se está sol e trouxemos camisola de gola alta, é greve para os queixos.
Agora até os alunos fazem greve porque, se o professor faltar, têm que permanecer na sala durante o período da aula com um docente substituto.
Daqui a uns dias, os pais vão fazer greve também, já que se os filhos tiverem de ir para casa quando o professor faltar, isto vai representar custos extra para os progenitores. É luz que se gasta, é o consumo de água que aumenta, já para não falar no desgaste dos sofás se o adolescente decidir levar a namorada consigo.
E se os pais fizerem greve, as empregadas domésticas fazem gazeta também por terem de trabalhar a dobrar no dia em que os patrões estão em casa de greve. E em seguida a família da empregada doméstica faz greve porque ela exige que lhe limpem a casa no seu dia de “férias”. E depois os cães e gatos fazem greve por terem de ficar no quintal enquanto decorrem as limpezas.
Pelas nossas contas, esta situação é uma bola de neve que vai culminar no dia 12 de Setembro de 2006, dia em que o país inteiro pára porque toda a gente está de greve por alguma razão que não lembra ao diabo... 12 de Setembro de 2006? Eh pá, logo nesse dia! Que azar! Então não é que tínhamos combinado para esse dia o início das férias num cruzeiro? Ah, o Cruzeiro não é Português?! Pronto, então assim está bem!
In Azórica nº 27, Jornal dos Açores, Edição de 19 de Novembro, 2005

sexta-feira, 18 de novembro de 2005

Isto é d´arder

Falemos das motivações que estão por detrás dessas manifestações calorosas e contagiantes em Paris que, à falta da madeira – sempre achámos que nunca se devia ter destruído a floresta de Paris - queimam os carros para proporcionar o aquecimento de um Inverno que muito promete.
1 -Meus amigos, vamos desvendar aqui um segredo: os Tunalhos estavam a planear fazer uma surpresa às suas mulheres, nomeadamente levá-las numa viagem a um sítio romântico. Pois bem, acertaram… Paris, a cidade luz, que nos dias de hoje brilha tanto que até ofusca, ou então, ofusca tanto que até brilha. Resolvemos adiar. Não sabemos muito bem porquê, até tínhamos à nossa espera no Continente 2 BMW novos oferecidos pelas Selecções do Reader’s Digest prontos a usar. Enfim, teríamos gostado de experimentar, pela primeira vez, um jantar à luz das velas … dos carros a arder, mas depois achámos que o melhor era ficar aqui a apanhar com os sismos que sempre é mais seguro.
Portanto, férias de surpresa para as nossas meninas, agora …deixa cá ver, Amã, não, Sharm-El-Sheik, não, Bali, humm… é melhor não…talvez Cancun. Mas também já ouvimos dizer que costumam andar para lá umas Wilmas e mais não sei quem, que costumam “alevantar” cabelos e destruir tudo!

2 - Mas falemos então das motivações que estão por de trás dessas manifestações calorosas e contagiantes que, à falta da madeira – sempre achámos que nunca se devia ter destruído a floresta de Paris - queimam os carros para proporcionar o aquecimento de um Inverno que muito promete. Há quem diga que isto é uma crise - não o será certamente para o ramo automóvel – de motivos profundos – pelo menos a razia é bem profunda - e que o seu prolongamento é da culpa do ministro do interior francês que apelidou os manifestantes de “escumalha”. Agora é só ver: tudo se espraia em efeito de bola de neve e já transbordou – gostamos deste verbo e de alguns substantivos da família - para outras paragens. Portanto as motivações são … nenhumas?! Ah…pronto…está bem, então os jovens estão sem fazer nada e isto é só para se entreterem! Ah, não?! Ok, certo, ninguém olha para eles, não há apoio social, não há integração. Pronto, esta é a melhor explicação, porque aquela de se lhes chamar um nome feio, não colava muito bem. Senão no nosso país, com tanto nome que na estrada chamamos uns aos outros, era ver o pessoal, todos os dias, a queimar carros. E é assim que vamos caminhar unidos para uma Europa, não das Nações, mas sim uma Europa das Combustões múltiplas e integradoras.
Nós estamos agora é com algum receio. Enfim, costumava-se dizer que chique era falar francês e tocar piano e agora não sei se a nossa juventude, influenciada pelos ventos culturais dessa Europa da frente, não vai querer também imitá-los culturalmente. Algum dia estamos a ver no nosso país marginais a riscar carros, ou a incendiar coisas, ou nas nossas ilhas os repatriados começarem a fazer coisas dessas para depois a gente os expulsar para o seu país de origem, onde viveram a infância e onde foram educados.

3 - Por causa destas notícias estávamos nós a fazer um zapping e parámos momentaneamente no “cofre”, o concurso da RTP, apresentado pelo Jorge, o Gabriel, e ficámos escandalizados com aqueles esquemas que se costumam engendrar para que o Zé povinho fique de plantão a ver os programas. Então era assim: o people que quisesse participar no jogo de casa, para ganhar um leitor de DVD’s, tinha que responder pelo telemóvel a uma questão que era “Quantos dias tem uma semana”. Ora isto não se faz. Não é eticamente aceitável nem concebível do ponto de vista epistemológico e ontológico! A televisão, que é um serviço público, deveria perceber que o nível intelectual do nosso país ainda não é tão elevado para que a maioria da população pudesse responder a questões filosóficas dessa índole. Isto é d’ arder!
In Azórica nº 26, Jornal dos Açores, Edição de 12 de Novembro, 2005

Assessoria - só mais uma















Portanto, é uma nomeação para um trabalho muito especial: prestar assessoria na manutenção dos conteúdos... não é para a "própria" fazer a manutenção/actualização do site... Sim, porque se fosse para isso o vencimento teria que ser outro!
Mais, a nomeação é válida (só) pelo período de um ano ... renovável tácita e automaticamente por iguais períodos. Aquela do "podendo ser revogada a todo o tempo" é só para disfarçar, né?
Como o trabalho é precário e por pouco tempo, acho que está justo, o que vindo do ministério da Justiça está coerente! Força Sr. Ministro, mostre a ética e o sentido de dever a esse pessoal que só quer fazer greve!O Despacho está muito bem conseguido! ... da-de
El Greco

segunda-feira, 7 de novembro de 2005

PROME(R)DIA p´ra isto?!...

"Doce ou partiiida?"
Nós, sempre estudiosos e numa busca incessante pelo conhecimento, decidimos avaliar as dissemelhanças entre as várias zonas de S. Miguel através dos mais pequenos e descobrimos que a tradição do "Trick or Treat", típica do Halloween, (a)varia de terra para terra.
1 - Quer queiramos, quer não, os Açores são um mini “melting-pot” no meio do Atlântico. Micaelenses são diferentes dos terceirences, graciosenses diferentes dos picorotos, florentinos dos corvinos, etc. Mesmo dentro de uma ilha, as diferenças entre localidades são por vezes abismais, cultural e socialmente. Por vezes, as disparidades vão até à própria pronúncia que evoluiu de maneira diferente ao longo dos tempos e consoante a localidade.
Estas diferenças culturais são visíveis, inclusive, no “Halloween”, costume americanizado que cada vez mais substitui o nosso já pouco católico “pão por Deus”. Isto das tradições culturais versus globalização tem muito que se lhe diga. São uma faca com dois “legumes”, como diria o Pacheco, esse grande intelectual da bola.
Nós, sempre estudiosos e numa busca incessante pelo conhecimento, decidimos avaliar estas dissemelhanças e descobrimos que a tradição do “Trick or Treat” (a)varia de terra para terra.
Em Ponta Delgada, batem à porta e dizem “doce ou partiiida”. Mas por exemplo, ali para os lados da Calheta, que também é Ponta Delgada, quando um colega nosso abriu a porta, só viu uma faca e alguém gritar “um doce ou a vida!”.
No Livramento, ouvimos “hê senhora, dá-me um rebuçado, vá lá, vá lá!”, mas em São Roque, mesmo ao lado, quando a mãe de um colega nosso abriu a porta ouviu “hê senhora, o meu pai já gastou o Rendimento Mínimo numa Playstation e agora a gente não tem dinheiro para comprar rebuçados, tenha pena de nós. Uns Ferrero Rochês ou uns Mon Chéries devem dar”.
Finalmente, na Candelária é “Pão por Deus, queira Deus / Ponha a tia na saquinha / Seja tudo por Amor de Deus” e, em Rabo de Peixe, a batida na porta é seguida por “não queres dar um doce? Arrebento-te toda!”. A variedade cultural micaelense é uma coisa muito bonita!

2 - Também não se sabe muito bem se vai ser uma doçura ou uma travessura a mudança nos financiamentos aos OCS regionais anunciada pelo governo. O novo Programa de Apoio à Comunicação Social está em discussão e tem levantado ondas de descontentamento ao ponto de já ser designado por muitos de PROME(R)DIA. Nós associamo-nos a essa onda de contestação porque, como cronistas, estamos solidários com os restantes colegas. Não queremos ser os bodes “respiratórios” dos problemas da Região. Não vamos admitir o desaparecimento dos apoios básicos à compra de papel para impressão dos jornais (vai-se escrevinhar onde? Nas paredes, nos wcs… nos rolos de papel higiénico?). Não vamos permitir o fim do apoio nas despesas de acesso às fontes de informação (até porque as nossas fontes trabalham em condições miseráveis, às vezes na rua, outras vezes nas esquinas ou em cubículos onde mal entra a luz).
Dispensamos as novas formas de ajuda para a aquisição de equipamentos e programas informáticos! Já toda a gente tem computadores e software pirateado. Queremos manter vivas as edições “imprimidas”, “impressadas” (raios, onde é que está o dicionário?)! Os novos produtos multimédia ou meios de informação on-line, esses não prestam, têm vírus e falta-lhes o cheiro das tintas e … não servem para embrulhar os chouriços fumados das nossas avós... Quanto ao apoio à formação profissional acham que é preciso mais? Então com tanto curso na U.A de comunicação e afins. Agora só falta é praticar, acompanhando o governo nas visitas oficiais!
Nós somos um grupo muito simpático e “hospitalar”, mas quando a mostarda nos chega ao nariz, pensamos logo ou é hambúrguer ou cachorro quente. Vamos aguardar livres e serenos, mas haja o que “hajar” não nos hão-de calar (só se … pronto nada!).
In Azórica nº25, Jornal dos Açores, Edição de 5 de Novembro, 2005

domingo, 6 de novembro de 2005

O carro, a unha e o cigarro

Hoje os Tunalhos vão partilhar consigo, caro leitor, aquela que foi mais uma típica semana para quem faz parte deste bonito, animado, inteligente, engraçado e humilde grupo. No meio de toda a agitação, tivemos de ir com o carro à inspecção, um de nós deixou de fumar (outra vez) e outro foi arrancar uma unha do pé.


1 - Hoje é Sábado, o último dia da semana, e os Tunalhos, fartos de andarem ensimesmados, vão partilhar consigo, caro leitor, aquela que foi mais uma típica semana para quem faz parte deste bonito, animado, inteligente, engraçado e humilde grupo.
No meio de toda a agitação, tivemos de ir com o carro à inspecção, um de nós deixou de fumar (outra vez) e outro foi arrancar uma unha do pé.
Começando pelo princípio, fomos com o "Tunalhómóbil" ao IPO... não, não foi ao Instituto Português de Oncologia, mas sim à Inspecção Periódica do Otumóvel. Aquilo até tem a sua piada, com aquelas máquinas e tudo. Logo no início enfiam uma mangueira no cano de escape da viatura (oxalá esta frase não seja lida pelo Esquadrão G, senão o(a)s tipo(a)s vão já para a inspecção!). Depois há o estudo dos faróis, travões e pneus e, no fim, passam um papelinho com a avaliação do bólide.
Ora, nós pensámos que também seria muito interessante se fosse obrigatório outras coisas, para além dos carros, irem periodicamente à inspecção. Um casal, por exemplo, depois de 4 anos de casamento devia ser inspeccionado com o mais rigoroso protocolo. Primeiro a análise do "tubo de escape", que podia ser um pouco dolorosa. De seguida a análise dos "faróis" da mulher, o "amortecedor" do homem e por fim os travões. Até já estamos a ver o inspector no fim:
"- Está tudo bem, mas o senhor tem aqui uns problemazitos no escape...
- Isso é da feijoada!
-... a sua esposa é que ‘tá aqui com os "faróis" desalinhados e por isso vai ter de ir prá oficina."
Dias mais tarde chega o homem ao emprego:
"- Então onde está a tua mulher?
- Divorciei-me dela... não passou na inspecção!"
Problema resolvido e mais um casal feliz.


2 - Já o problema da unha foi outro evento desta semana dos Tunalhos. Aquilo, para além de doer que se farta, fez de um de nós um desunhado, ou seja, um tipo com 20 dedos e 19 unhas. Aquilo dói tanto, mas tanto, que achamos que se devia castigar as aves que andam para aí a espalhar a gripe, arrancando-lhes as unhas dos pés. Elas assim iam aprender! Aliás, isto é triste, porque quando éramos putos, as avós faziam canja de galinha para que ficássemos sem gripe, hoje em dia quem come a canja é que apanha a gripe... onde é que isto vai parar? Anda o mundo às avessas.
No continente já foram detidas várias aves, incluindo galinhas, perús, gambuzinos, frangos e, é claro, o Ricardo, guarda-redes da selecção.


3 - Por fim, um de nós deixou de fumar... pela 7ª vez. É uma tentativa louvável, que já dura há 15 dias. No entanto tem enfrentado algumas dificuldades, nomeadamente ao nível da alimentação e da vida amorosa.
Ao nível da alimentação, a ausência do cigarrito levou-o a atirar-se mais à comida e em doses familiares, o que fez aumentar o seu peso e conduzirá à pouco salutar obesidade. É só uma questão de tempo...
No que concerne à vida amorosa, digamos apenas que esta deixou de existir. Porquê? Porque no fim de fazer o chamado "amor" dá sempre vontade de dar uma passita. Ora se já não se fuma, já não se dá passita nenhuma, logo também não se faz mais o "amor".
Conclusão: deixar de fumar pode ser nocivo para a sua saúde e para a dos que o rodeiam.

In Azórica nº 24, Jornal dos açores, Edição de 29 de Outubro 2005

terça-feira, 25 de outubro de 2005

A Gripe das Aves e a Corrupção

Tivemos conhecimento de várias diligências de recolha de prova junto de instituições financeiras, relacionadas com suspeitas sobre a prática de crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais. Já estamos a ver os investigadores da polícia judiciária, assim, mais ou menos a sério e mais ou menos a brincar: “ Então pá, já falaste com o teu banco?”, “Não, falei com o teu!”


1- Caros leitores, vamos hoje falar de um assunto que começa a ter a maior atenção em termos de saúde pública. Estamos a referirmo-nos à gripe das aves que é uma doença contagiosa causada por vírus que infectam… portanto… as aves e também os suínos… e parece que também afectam os seres humanos.
Neste último caso, a estirpe conhecida como H5N1 (portanto, em cada 5 Homens, Nem 1 escapa) é a mais alarmante e é a causa da maioria dos surtos. Infelizmente, não são afectadas só as aves raras - que falávamos em anterior crónica - , mas são afectadas todas, com especial incidência, as aves de capoeira, muito vulneráveis, pelo que podemos estar perto de uma epi… pan… demia (“epi” de épica ou talvez de epicentro; “pan” de panegírica e/ou pan-Europeia, ou seja paira elogiosamente por cima da Europa; e “demia”... bom, é uma questão de irem ver ao dicionário).
Uma das formas de manifestação da doença são as alterações nas penas - o que dá a entender que os suspeitos da casa Pia já estão infectados. É altamente contagiosa e rapidamente fatal, com uma morbilidade de quase cem por cento. As aves podem morrer no mesmo dia em que os primeiros sintomas aparecem. Pois, e onde é que está a piada disto?
Isto é muito grave! É que a partir de agora, na via pública, vamos desejar, mais do que nunca, que nunca nos caia um cocó de pomba em cima… se dantes dava para rir, agora pode dar para morrer!

2- Quem também progride, de maneira altamente contagiosa, tal e qual a gripe das aves, é a corrupção. Segundo o Índice de Percepção da Corrupção (sabiam que há estudos destes?), divulgado nesta semana pela Transparência Internacional, Portugal é o terceiro país mais corrupto da Zona Euro. Vergonhoso, muito vergonhoso!
Contudo, dos 159 países analisados, Portugal subiu uma posição (para melhor) face a 2004, ocupando a 26ª posição. Numa escala de zero a dez, Portugal recebeu a classificação de 6,5 pontos. Ora sabendo-se que 2 terços dos 159 países obtiveram uma nota inferior a cinco, indicando elevados níveis de corrupção, até que tivemos uma posição honrosa o que obviamente não deixa de ser uma boa notícia! O que interessa é a posição em termos mundiais. A posição na Europa é de somenos importância.

3- Também, nesta semana, tivemos conhecimento de várias diligências de recolha de prova junto de instituições financeiras, relacionadas com suspeitas sobre a prática de crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais. Crimes que apontam para um prejuízo causado ao erário público, nos últimos três anos, de muitos milhões de euros, só em sede de IRC e IRS não pagos.
Enfim, uma operação que surgiu numa inspecção de rotina e que acabou por se tornar numa mega investigação aos negócios da banca, numa acção conjunta das Finanças, Ministério Público e da Polícia Judiciária.
Meus Deus, Espírito Santo e outras entidades divinas impolutas, percursoras da ética, do bem comum e dos spreads generosos… mas o que é isto? Já estamos a ver os investigadores da polícia judiciária, assim, mais ou menos a sério e mais ou menos a brincar: “ Então pá, já falaste com o teu banco?”, “Não, falei com o teu!”
Isto não deixa de ser uma má notícia e vai obrigar a Transparência Internacional a modificar o último relatório sobre o Índice de Percepção da Corrupção. Lá vai Portugal sair do 26º lugar para se juntar ao Chade e ao Bangladesh na 158ª posição.
In Azórica nº 23, Jornal dos Açores, Edição de 22 de Outubro, 2005

terça-feira, 18 de outubro de 2005

Rescaldos

Estivemos reunidos para interpretar porque não tivemos nem um voto nas autárquicas. Depois percebemos, afinal não tínhamos nenhum mandado de prisão emitido, nunca fugimos à justiça, nunca fomos indiciados por tráfico de influências, fuga aos impostos, branqueamento de capitais, nem acusados de ter sacos azuis.
1- E pronto, o Pauleta bateu o recorde do Eusébio. Foi assim tão fácil.
Um de nós é natural e vive em São Roque e nunca se sentiu tão orgulhoso por viver em tão nobre zona. Da próxima vez quem quiser afastar os miúdos dos calhaus que passam a vida a torturar cães, ou um dos adolescentes alcoolicamente intoxicados que brigam nas ruas às tantas da manhã, ou mesmo um dos seus vizinhos que ganham o Rendimento de Inserção Social e têm TV Cabo por Satélite com 317 canais ligados a um sistema de Dolby Surround Pro-Active, vai pensar duas vezes.
Nunca se sabe quando São Roque vai produzir mais um fenómeno, e convém ser amigo de todos, pois qualquer um pode ser o próximo Pauleta, o próximo Mota Amaral, ou até o próximo Einstein (que não era de São Roque, mas bem podia ser já que tudo isto é muito relativo)
Outro rescaldo, a propósito das autárquicas, os Tunalhos congratulam-se pela forma "enlevada” como decorreu mais este acto democrático, sobretudo nos Concelhos mais importantes e independentes do país como os de Gondomar (o Valentim parecia estar zangado por ter ganho), Felgueiras (depois de umas férias no Brasil, sabe bem voltar ao trabalho) e Oeiras (as contas fazem-se no fim... nem que seja na Suiça). O Concelho de Trancoso também ficou na história desta campanha. As duas mortes de candidatos a juntas de freguesia representaram um aumento significativo dos indices de criminalidade do concelho, tornando-o o mais perigoso do país em época de eleições. É caso para dizer “em Trancoso é só trancada no “oso”!

2 - Apesar disso, e no que nos diz respeito, não deixamos de ter alguma mágoa em virtude da nossa candidatura à Câmara de Ponta Delgada não ter merecido nem sequer um voto. O povo às vezes é bastante injusto. Esta ausência de votos nos Tunalhos, segundo os analistas, foi o resultado mais surpreendente das autárquicas na Região, juntamente com o outro facto muito relevante que foi a grande viragem à esquerda no Corvo (duas famílias zangaram-se ... facto que tem logo repercussões políticas de relevo).
Inclusive estivemos reunidos para interpretar estes resultados, nomeadamente tentar perceber ”porque é que nem nós próprios votámos em nós mesmos?" Depois percebemos: afinal não tínhamos nenhum mandado de prisão emitido, nunca fugimos à justiça, nunca estivemos envolvidos em investigações por corrupção activa, e muito menos passiva; nunca fomos indiciados por tráfico de influências, fuga aos impostos, branqueamento de capitais, nem acusados de ter sacos azuis… (só mais p´ró roxo); além de que, também, o nosso nome não constava nos boletins de voto. Foi um problema da gráfica que por acaso era de um amigo nosso que nos retirou, pois pensou que nós estávamos nos boletins por brincadeira…

3 - Quem também anda a brincar como um miúdo – é o que parece -, nisto das eleições, é o Dr. Mário Soares que foi acusado, pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), de ter violado claramente o nº2 do artigo 177 da Lei Eleitoral, que proíbe que no dia da eleição seja feito um apelo ao voto. Esta violação é punida com uma pena de prisão até seis meses ou uma multa até 60 dias ou lá o que isso é! Ouvimos dizer que a multa era de 25 €. Ora bem, isto é no total? Então se calhar é preferível pagar os 25 € em vez de ir para a prisão por 6 meses! Ou será que o homem terá que sair todos os dias para pagar 25€ diários, durante 60 dias, perfazendo um total de1500 € e outras tantas passadas? Pelo trabalho que isto dá se calhar é preferível, neste caso, optar pela prisão! Enfim, tão novo e já acusado desta maneira… Mas assim pode ser que deixe de violar a lei eleitoral … e a natural também.
In Azórica nº 22, Jornal dos Açores, Edição de 15 Outubro de 2005

sábado, 8 de outubro de 2005

Autárquicas e justiça "cegas"


Reparamos, de forma inédita, que o que mais se destacam em quaisquer eleições são as promessas. Os candidatos podem prometer o que bem lhes der na tola, desde que o façam num tom decidido, com um punho cerrado no ar, de preferência o direito, e a espumar ligeiramente da boca.

1- Com as autárquicas a todo o vapor, fomos lendo e ouvindo atentamente os discursos eleitorais. Reparamos, de forma inédita, que o que mais se destacam em quaisquer eleições são as promessas. Os candidatos podem prometer o que bem lhes der na tola, desde que o façam num tom decidido, com um punho cerrado no ar, de preferência o direito, e a espumar ligeiramente da boca.
Imaginem um candidato frente a um microfone, com o povo lá em baixo e os simpatizantes com as bandeirinhas e tal. Ele diz convictamente: “Prometo ainda potenciar a vertente (g)astronómica das Feteiras, construindo uma base de pizza lunar e uma rampa de lançamento de vaivéns espaciais ao lado da Junta de Freguesia, como estratégia de acção social para ajudar os idosos. O actual presidente nunca quis saber dos idosos, nunca!” E as pessoas aplaudem fervorosamente. É que realmente era bom ter uma rampa de lançamento do que quer que fosse…

2 - As eleições para as autárquicas, desculpem-nos os outros actos eleitorais menores para a presidência ou governo, são o que de melhor a nossa democracia tem. É bonito ver, por exemplo, em Salvaterra de Magos, um pai que foi do PS a concorrer pelo PSD e um filho que foi PSD a concorrer como independente pelo PS para a presidência de uma junta de freguesia. Achamos que o historial político da família era esse, mas se for ao contrário também não faz mal nenhum. Não há que haver confusão. E o povo também não tem que se preocupar com a escolha. Os candidatos têm os mesmos genes, a mesma fibra e a mesma coerência ideológica. Seja qual for o resultado, certamente haverá festa naquela família. O povo da freguesia, de qualquer das maneiras, terá sempre aquilo que ambos prometeram: sejam os fornos para os “cidadões” cozerem os seus “pões”, sejam as “istradas”, ou ainda um campo de relva sintética cimentado. Isto sim é que é democracia.

3 - Parece que os tribunais vão paralisar dois ou três dias devido à greve dos magistrados superiores, dos juízes e dos funcionários judiciais. Muitos criticam esta paralisação, mas afinal de contas só são mais 2 ou 3 dias … duma paralisação que já dura há anos. Uns dizem que, sendo os tribunais um órgão de soberania, esta greve é um mau exemplo, carece de legitimidade e fere a constituição. Ora não partilhamos desta visão e até achamos que os restantes órgãos de soberania também deviam ter o direito de fazer greve: o governo devia fazer greve porque o país não lhe dá condições, o Sr. Presidente devia fazer greve porque ninguém lhe dá atenção e a assembleia da República devia fazer greve porque ninguém ia dar por isso.
Outros ainda acrescentam, “Ah, não sei o quê, isso é mau para o prestígio dos tribunais…eles vão dar um tiro nos pés”. Qual quê? Mais um tirito no pé a acumular a tantos outros não é desprestígio…isso é vitalidade, coragem e carácter. Mais, por acaso pensam que esses magistrados iam partir para uma greve se não estivessem convencidos do grande prestígio, poder e independência que a justiça detém no nosso país? Claro que não! A sua imagem está melhor do que nunca. Que o diga a Fátima Felgueiras, uma figura também ela de prestígio que tem muita consideração pelos tribunais e que gosta muito do nosso sistema judicial. Se assim não fosse não teria vindo ao seu encontro, se não o respeitasse ou se desconfiasse dele, certamente não seria livre… talvez só “imune”.

In Azórica nº 21, Jornal dos Açores, Edição de 08 de Outubro, 2005

sexta-feira, 7 de outubro de 2005

A Política e a Mãe (Natureza)


Como somos da geração X-Files, decidimos encetar uma investigação “undercover” para deslindar o mistério por detrás da recente crise sísmica em São Miguel. O nosso faro levou-nos à verdade e, apesar de isto colocar a nossa própria vida em risco, vimos aqui desvendar as nossas conclusões.

1- A nós ninguém nos "amanda" com areia para os olhos, não senhor! Estes eventos sísmicos ali para os lados da Vila Franca, Povoação e Ribeira Grande vão ser postos a descoberto aqui e hoje pelos Tunalhos (que somos a gente).
Este assunto é demasiado sério: alguns de nós iam entrando em pânico quando se ouviu dizer que a igreja de Vila Franca estava a cair. Afinal foi só a cruz. Coisa que até é normal, pois ainda no outro dia o padre tinha o terço na mão e deixou-o cair também…
Admitimos que isto tudo foi um plano genial, foi todo muito bem engendrado. Fizeram tudo para que a coisa parecesse mesmo ser natural - "Foram as placas tectónicas" disseram uns "desentendidos", a placa macho e a placa fêmea… lá em baixo no quentinho começaram tec…tec…tec… por isso é que se chamam tectónicas. E enquanto elas estavam nesse coito ininterrupto que nos fazia vibrar por baixo, originando alguns momentos de êxtase e delírio colectivos (algum pessoal foi dormir todo junto para a rua), nós pensámos: Será que é verdade? Será que a Mãe Natureza é a culpada por esta crise sísmica que ia provocando o caos?
Como somos da geração X-Files, decidimos encetar uma investigação "undercover" para deslindar o mistério por detrás dos sismos. O nosso faro levou-nos à verdade e, apesar de isto colocar a nossa própria vida em risco, vimos aqui desvendar as nossas conclusões.

2- O que se passou foi que, com as eleições aí à porta, um determinado partido político engendrou um grande plano para fazer campanha. Ah, pois é. Enquanto comem uma laranja, pensem bem nisto:
a) Qual foi a cor de alerta estabelecida pela Protecção Civil após os sismos?
b) Qual é a cor política de um certo partido que começa em "P", acaba em "D" e no meio tem uma letra que dá para escrever Sapo, Sapato e até às vezes Serpente?
Fez-se luz, não fez? Pois é, caros amigos. Ficaram chocados?! Fica assim a descoberto aquela que terá sido, provavelmente, a maior cabala política desde que Paulo Portas foi nomeado chefe dos tropas. Tirem as vossas ilações e apontem o dedo aos culpados.

3- Outra coisa interessante e que, curiosamente, também relaciona a política com a Mãe Natureza, é o facto de nos Açores habitar uma das espécies mais raras de ave em todo o Mundo, o priôlo. Esta ave habita ali para os lados do Nordeste, mais concretamente no recôndito, silencioso e... recôndito habitat do Pico da Vara (por isso, caçadores...).
Ora, o que os caros leitores não sabem é que outras aves há que, em vez de estarem em vias de extinção, estão mas é em vias de expansão, apesar de se designarem por "Aves Raras". Elas estão associadas, na sua maioria, a habitats políticos.
Como se trata de uma espécie protegida, não podemos aqui dizer identificá-las de uma forma objectiva, mas que elas "andem" por aí... disso não temos dúvidas! O mais interessante é que essas aves parecem que têm sucesso garantido nos seus propósitos de "fecundação", sobretudo quando são muito bem investigadas, neste caso não por cientistas, mas sim pela PJ.
Cada um de vós poderá certamente identificá-las e agora, com eleições ao virar da esquina, são cada vez mais fáceis de avistar essas "Aves Raras" (por isso, caçadores...).
In Azórica nº 20, Jornal dos Açores, Edição de 1 de Outubro, 2005

terça-feira, 27 de setembro de 2005

O Natal está aí à porta!


Os Tunalhos, com medo de perder a primeira-mão, dão a notícia antes dos outros: senhoras e senhores, o Natal está aí à porta! É verdade, faltam apenas 93 dias. Hoje vamos divagar um pouco sobre o verdadeiro sentido do Natal e sobre os novos arqui-inimigos do barbudo da Coca-Cola.
1- Damos hoje a notícia em primeira-mão: o Natal está aí à porta!Sabemos que faltam 93 dias, mas como os Tunalhos estão sempre em cima do acontecimento e gostam de ser os primeiros a dar a notícia, numa manobra inédita de antecipação vamos hoje divagar um pouco sobre o natal.Antes de mais, convém perguntar “O que é o Natal?”. Se formos rebuscar bem no fundo da nossa alma, descobrimos que o Natal é basicamente aquela altura do ano em que não é errado mentir às crianças: “Queres uma Barbie de quê? Ah filha, o Pai Natal não pode trazer isso, ele é pobrezinho, coitado”.Por outro lado, o natal é, para os adultos, um momento de reflexão e introspecção. É a época em que muitos casais se juntam numa união harmoniosa e reflectem sobre a sua vida: “Então Maria, o 13º mês vai para a hipoteca da casa ou para a prestação do carro?”Claro que isto só será possível se o Governo não se lembrar de congelar o subsídio deste ano…
2- Quem não está muito feliz com o natal são os americanos. Não lhes agrada muito a ideia de ter um homem de barbas a invadir o seu espaço aéreo para largar encomendas suspeitas não fiscalizadas pela alfândega. Já estamos a ver a cena: o Pai Natal com as renas, dois F-16 da USAF, um míssil AIM-9 Sidewinder, e pronto… problema resolvido. O barbudo não chateia mais ninguém.E os Estados Unidos não são o único inimigo do Pai Natal. O próprio Bin Laden não vai muito com a cara dele. Numa entrevista exclusiva à Azorica, o líder Taliban diz que “aquele gajo é uma vergonha para quem usa barba. Tem aquilo sempre aparadinho, todo branquinho, com a mania que é vedeta e tal. É uma vergonha, vos digo, uma vergonha! Pronto pá, agora estou chateado, vou ter de matar 214 infiéis!”
3- Também, como é costume, todos falam mal do consumismo natalício. Não somos desta opinião. Perguntem lá ao nosso Salvador se não gostou de receber ouro, incenso e mirra quando nasceu. Claro que gostou, quem não gostaria de receber um pouco de mirra enquanto lhe cortam o cordão umbilical?
Os descontos é que são inaceitáveis! Fazemos desde já um apelo a toda a gente para acabar de uma vez por todas com esta barbaridade. Imaginem que, por exemplo, vão comprar um micro-ondas à esposa. Por acaso conhecem o dono da loja, e o senhor, com toda a sua boa-vontade e simpatia, cobra-vos apenas o preço do respectivo, oferecendo-vos a margem de lucro que porventura faria na venda do produto.E se por acaso o micro-ondas tiver defeito e estragar o peru da ceia? Depois de tanta simpatia e depois de o senhor ter abdicado de uns 0,0001% do seu orçamento familiar para nos dar um jeito, quem é que tem cara de ir respingar ou dar socos na mesa? É humanamente impossível!Ao aceitarmos um desconto, na verdade estamos a ser enganados. Além disso, depois se forem lá refilar por causa do micro-ondas, existem fortes probabilidades de saírem da loja com o peru natalício enfiado num sitio onde o sol não brilha…
In Azórica nº 19, Jornal dos Açores, Edição de 24 Setembro, 2005

segunda-feira, 26 de setembro de 2005

Hoje a Rádio Atlântida, amanhã o Mundo

A não perder! No próximo Domingo, dia 2 de Outubro, a entrevista exclusiva dos Tunalhos na Rádio Atlântida, no programa "Entre Palavras" da Graça Moniz, entre as 12 h e as 15 h... portanto, depois da palavra de Deus e antes do Futebol. Vai ser bonito!
"Entre as palavras" da Graça e as nossas "palavras ocas" ... tudo pode acontecer! A Atlântida já anunciou que não se responsabiliza pelo conteúdo do programa!

El Greco

quarta-feira, 21 de setembro de 2005

A nossa candidatura, parte II

Para os leitores menos atentos, os Tunalhos já apresentaram a sua candidatura oficial à Câmara de Ponta Delgada. Por insistência de três munícipes, para além das medidas que garantimos tomar se formos eleitos, hoje vimos aqui fazer mais promessas (como qualquer político que se preze).

1- Sim, é verdade, os Tunalhos apresentaram a sua candidatura oficial à Câmara de Ponta Delgada (vide Azorica de 06/08/2005 ou www.tunalhos.blogspot.com). A nossa candidatura foi muito bem aceite por três munícipes, e por insistência dos mesmos hoje vimos aqui fazer mais promessas.
Pois bem, a nível da segurança rodoviária, e para protecção de todos os condutores, pretendemos estabelecer um serviço municipal de recolha de vacas malhadas perdidas na via pública. Pretendemos instalar as pobres coitadas no Salão Nobre da Câmara e alimentá-las bem para poderem ser abatidas nas festas do Espírito Santo da Cidade. Ah, e queremos fazer uma Coroa bem grande, assim com uns 23m de altura e uns 15 de largura.
Para o desenvolvimento da agricultura, prometemos oferecer a cada lavrador uma ordenha móvel, mas das modernas que já vêm equipadas com o cão de fila atrelado e tudo.
No campo da cultura, queremos promover o Colégio dos Jesuítas, rentabilizando-o e elegendo-o como Centro de Raves para Jovens. Vai ser bombar até de manhã com o DJ residente, o já esquecido Sandro G.
O Coliseu passará a ser a sala de trabalho dos Tunalhos e ao mesmo tempo residência temporária dos sem abrigo e repatriados, a quem será dada formação para exercerem trabalho em prol do Município e ao nível do entretenimento e da recepção de turistas, emigrantes e convidados especiais.
Ao nível da educação, numa tentativa de conciliar os valores do passado com os actuais, vamos estabelecer protocolos de colaboração com as paróquias, com as casas de strip e com o elenco dos "Morangos com Açúcar", a fim de se promoverem aulas práticas, extracurriculares, para uma efectiva implementação da educação sexual nas nossas escolas.

2- No que concerne à educação, os Tunalhos comprometem-se ainda a resolver, de uma vez por todas, os problemas da colocação dos professores. Vamos colocar os professores ao lado do quadro e de frente para os alunos! Mais um problema resolvido (Senhora Ministra da Educação, ponha os olhos em nós e aprenda a fazer política).
Por falar em professores, os pais já podem respirar de alívio! Finalmente podem deixar os filhos ao cuidado de outras pessoas, como? Levando-os para a escola - é que as aulas já começaram.
Aulas são sempre sinónimo de alegria para pais e alunos. Os pais rejubilam de alegria por terem de comprar os livros e os materiais escolares para os seus pequenos e estes saltam de alegria ao ver chegar o fim de 3 meses de festa, boa vida e brincadeira!
Neste cenário de festa, os únicos que parecem não gostar nada da história são os professores. Esta é uma classe que parece nunca estar contente com nada... Se estão desempregados é porque estão desempregados, se são colocados é porque fica muito longe, se ficam colocados perto é porque agora têm de trabalhar mais horas. Bolas!! Decidam-se lá ó "setôres". Com os direitos todos vêm os deveres…
In Azórica nº 18, Jornal dos Açores, Edição de 17 de Setembro, 2005

segunda-feira, 12 de setembro de 2005

O apelido do nosso Pauleta

Como já devem ter reparado, há algo de mal na nossa fotografia. Para já, um dos elementos está diferente dos outros. Já descobriram qual é?... Damos a resposta mais abaixo. Para além disso, passamos a apresentar algumas alternativas ao apelido do Pauleta.


1 - Caros dois leitores, é já com grande saudade que lembramos o início desta cooperação entre os Tunalhos e o Jornal dos Açores. Já lá vão quase... 1 mês e 12 dias, mais ou menos! Lembramo-nos perfeitamente de como tudo começou. A voz do outro lado da linha disse:
“Tínhamos todo o gosto que colaborassem com o nosso Jornal.”
“Claro, gostávamos imenso”, respondemos nós.
“Nós queríamos convidar pessoas inteligentes, talentosas, perspicazes, engenhosas, intelectuais de primeira linha, com elevada capacidade mental, cultural e ética para escrever no nosso Jornal. Mas como as pessoas com essas características não aceitaram o convite, decidimos convidar os Tunalhos”.
Bom, depois disto foi sempre a crescer (salvo seja) e agora até já temos direito a foto e tudo. Ou isso, ou eles não se querem é responsabilizar pelo que escrevemos e querem que toda a gente conheça a nossa cara para que nos possam bater à vontade.
Em todo o caso, como já devem ter reparado, há algo de mal na nossa fotografia. Para já, um dos elementos está diferente dos outros todos. Já descobriram qual é?... Exacto, é o terceiro da esquerda para a direita, ele tem caspa e os outros não. Além disso, há outro elemento que vai sair dos Tunalhos para prosseguir uma carreira de sucesso em Hollywood. Conseguem adivinhar qual deles é?... Pois, é o primeiro da esquerda. Vejam lá a tristeza na cara do miúdo por nos deixar, é o único que não sorri…


2 - É o homem do momento! Não, não estamos a falar do Tony Carreira, mas sim do jogador açoriano Pedro "Já Só Faltam Dois Golos" Pauleta.
Este astro do futebol Europeu, e quem sabe dos Açores, tem deliciado os amantes (deixem passar o termo) do futebol por esse mundo fora. É um tipo com muitos atributos - logo à partida, é natural de S. Roque, depois marca golos e, além disso, também faz... pronto, dá pontapés em queijos... é uma coisa bonita!
Por todas estas coisas, têm sido atribuídos alguns apelidos a Pauleta e todos têm a ver com a sua naturalidade açoriana. Mas, a partir de agora é preciso ter cuidado! Os americanos andam de olho no jogador. O apelido "Açor" ainda passou na censura, mas o apelido "Ciclone" fez com que ele se tornasse um dos 10 mais procurados pelo FBI.
Nós percebemos porquê, estamos solidários com o povo do Mississipi e, por isso, resolvemos arranjar alguns apelidos alternativos para o internacional de futebol. O primeiro de que nos lembrámos foi "Tornado dos Açores", mas depois achámos que conseguíamos fazer melhor. Surgiram então alternativas inspiradas nas ilhas como: "o Hortênsias", "o Lavrador", "o Cachalote", "o Ananás", "o Licor-de-Maracujá", "o Pimenta-da Terra", entre outros.
Mas depois, num momento genial de inspiração, tivemos uma epifania e criámos o novo apelido para Pedro Pauleta! Senhoras e Senhores , é com orgulho que os Tunalhos vos comunicam, em primeiríssima mão, que o novo apelido do jogador vai ser ...

NOTA DA REDACÇÃO: caros leitores, pelo facto de já não haver mais espaço disponível para a crónica dos Tunalhos, o final do artigo desta semana será revelado numa das próximas edições.


In Azórica nº 17, Jornal dos Açores, Edição de 10 de setembro 2005


sexta-feira, 9 de setembro de 2005

Poeira

Foi com emoção que os Tunalhos não assistiram em directo e in loco à implosão das torres de Tróia, esse acontecimento importantíssimo que mereceu a presença do 1º Ministro e ocupou, no mínimo, meia hora em cada um dos telejornais nacionais. O desenvolvimento do acontecimento passou também por entrevistar alguns dos milhares de anónimos (achamos que estavam de férias ainda), munidos de binóculos e máquinas fotográficas, que não quiseram perder aquele momento de “poeira desenfreada”, a que só faltou, de fundo, como banda sonora, a música da Ivete Sangalo. E perguntava o repórter a um dos mirones “Então, achou que a implosão foi rápida?” Mas estes jornalistas não têm relógio? Ou mesmo não tendo, será que não conseguem ter a “mais pequena noção de tempo” para perceber que obviamente aquilo não durou mais que uns segundos? Pronto, admitamos que era uma questão de interesse público…e que a maioria dos presentes não saberia o que responder.
Mais interessante foi a questão colocada a um dos antigos trabalhadores das torres “Então, acha que durou mais tempo a demolir ou a construir?” Esta sim, faz sentido e revela inteligência. Neste caso, não nos parece que a resposta se possa dar, antes de se pensar um bocadinho: na verdade a construção das torres levou uns anitos, mas levou muitos mais para se tomar a decisão de demolição.

El Greco

quarta-feira, 7 de setembro de 2005

O Turismo e as retretes

A maior diferença, e talvez aquela que melhor define o nosso turista Português e o distingue de todos os outros, é o facto de ele ter de tocar em tudo ao mesmo tempo que fala num tom acima dos 210 decibéis. Já assistimos a vários exemplos deste fenómeno, que hoje narramos aqui.


1- Com o Verão já a meio-gás, a nossa perplexidade mantém-se quando constatamos as diferenças entre os turistas das diferentes partes do mundo e o nosso turista continental, ao qual, carinhosamente, resolvemos chamar “Português”.
As diferenças começam de baixo para cima. No calçado, o Português distingue-se logo dos demais pelo facto de não usar meia branca com chinela ou sandália. Não senhor! O nosso turista prefere a sandália em contacto directo com a pele, pois assim consegue matar dois coelhos com uma só cajadada: primeiro obtém um eficaz arejamento dos pés e, além disso, consegue afugentar as moscas e os mosquitos com o odor que emerge dos buracos das sandálias.
Continuando a subir, também nas pernas há diferenças... os outros turistas têm muito poucos pêlos nas pernas. Já o Português tem mais pêlos só na perna esquerda do que os outros turistas têm no corpo todo. Isto para não falar de outras zonas nas quais também tem pêlos que nunca mais acabam, como por exemplo no... no coiso, no... no nariz. Claro que se exceptuam algumas nórdicas que só nos sovacos têm mais “tufo” do que o português na perna esquerda, capaz mesmo de enrodilhar e gastar o fio do melhor aparador de relva da Black&Decker.
Mas a maior diferença, e talvez aquela que melhor define o Português e o distingue de todos os outros turistas, é o facto de ele ter de tocar em tudo, ao mesmo tempo que fala num tom acima dos 210 decibéis.
Já assistimos a vários exemplos deste fenómeno. Ainda no outro dia estávamos a caçar gambozinos nas Cal-deiras das Furnas, quando vimos um belíssimo exemplar no seu estado mais natural: camisa aberta, pêlo no peito, fiozinho de ouro, bigode, barriguinha, careca e unha de limpar os ouvidos. E dizia ele:
“Ó Aldina” - que era a mulher - “o guia diz que estes buracos são muito quentes!”
“Ó! Não são nada.” - diz ela a assobiar os “SS”.
“São, são, olha... ‘tou a botar a mão num e ela já está a ficar toda pelada! Ah que giro, é mesmo quente!”
“Já biste Tónio? Afinal o que o homem dizia era mesmo verdade: o buraco é mesmo quente.”
“Olha, tira uma foto que é para a gente mostrarmos à bizinha a temperatura disto”
“Ah… que pena, essa ficou com o fumo à frente…. Vou tirar outra! Psst, Sr. guia, será que podia soprar no fumo a ber se não sai na foto?”
Ou ali para os lados das Sete Cidades:
“Esta aqui é uma Juniperus brevifolia, é uma espécie endémica muito rara”, - diz o guia.
“Ó Manéla, o homem diz que essa flor aqui é muito rara, não é tão bonita?”, constata o marido ao arrancar a planta.
“Traz um pezinho para gente plantarmos no nosso terraço… e traz de vez outro para a gente darmos à tua irmã Carlota que ela gosta muito de flores. Ai que os Açores são tão lindos!”

2- Para além do turismo, também as festas e festivais fazem parte do Verão. Esta é a época dos grandes espectáculos, é o Festival do Sudoeste, Zambujeira do Mar, o Vilar de Mouros, a Maré de Agosto, etc. Estávamos num destes Festivais e reparamos naquelas casas de banho azuis, aquelas portáteis sempre tããão higiénicas, e o nosso cérebro, sempre a fervilhar de ideias, lembrou-se: É uma empresa que aluga aquelas casas de banho para Festivais, concertos, casamentos, baptizados, funerais, enfim, para qualquer sítio onde se junte muita gente com vontade de fazer chichi, não é? Pensamos logo a seguir, quem terá inventado esta empresa? Não sabemos quem foi, mas deve ser o orgulho dos pais. “Ah, o meu máivelho é advogado, o do meio é engenheiro, e o máinovo aluga retretes… é a luz dos meus olhos, aquele petchéno!”.
In Azórica nº 16, Jornal dos Açores, Edição de 3 de Setembro, 2005

sábado, 3 de setembro de 2005

Furacão Katrina

A propósito do último post "Notas soltas", no qual, no seu 4º ponto, fazíamos uma sátira às pilhagens que se sucederam ao furacão na "grande potência civilizacional", após a tomada de consciência e constatação da dimensão do desastre - só no Estado do Louisiana mais de dez mil mortos e, em termos gerais, mais de 100 mil refugiados e de milhares de pessoas completamente dependentes da ajuda que não chega - damos a mão à palmatória e somos obrigados, moral e eticamente, a colocar a ênfase da crítica não nas pilhagens, mas sim na impotência das autoridades governamentais.
Assim, a humilhação da América, mais do que às imagens sobre pilhagens, fica a dever-se à inoperância das suas autoridades que não souberam precaver-se, prever o desastre, alertar e socorrer de forma atempada e eficiente a sua própia população. Não será humilhante para Bush, ouvir de Hugo Chavez "Então a superpotência salvadora do mundo não previu o desastre nem tinha meios de evacuação para accionar?" ou ouvir de Fidel Castro que está disposto a apoiar as populações mais isoladas com medicamentos e uma centena de médicos?
Já agora, como é que se presta apoio a um país que orgulhosamente costuma exibir a sua riqueza, desenvolvimento e domínios mundiais? Porque não foram accionados os planos estatais de emergência ? Recorde-se que muitos não tiveram meios para fugir... Aquelas imagens não serão, também, reveladoras da pobreza escondida na América?

Para acabar, face à dimensão do desastre e à falta de apoio, as pilhagens, se calhar, eram o único recurso possível para a sobrevivência. Como dizia uma das sinistradas "neste caso, não há ricos nem pobres, mas simplesmente pessoas que querem sobreviver"

quarta-feira, 31 de agosto de 2005

Notas soltas

1ª - Parece que a "HEGEMONIA" do Benfica - tão propapagueada a propósito da vitória do campeonato na época passada - já se foi de vez! Aliás ela durou uma semana, que foi o tempo que mediou entre o fim do Campeonato e a final da taça com o Setúbal. Upgrade your email with 1000's of emoticon icons Mas quem tivesse dúvidas levou no último fim-de-semana com um "Grande Galo". É pá, queres ver que começou a hegemonia do Gil Vicente?

2ª - A legislação sobre o congelamento das progressões nas carreiras chegou dois "diazitos" antes do dia 1 de Setembro... Pois, tinham-me dito que este governo não gostava muito dos professores que são, possivelmente, o grupo que no imediato mais sofre com a medida. Mas não, os gajos não gostam é de um de nós (eu) que está nesse lote bafejado pela "Infeliz coincidência" e que pensava que a partir do dia 1 de Setembro ia ter mais meia dúzia de "eurios" no bolso. Como diz o povão "quem não se sente, não é filho de boa gente"! Mas quem tem a culpa são os professores! Então não são os profes que ensinam os gajos a serem inteligentes?! Vejam lá é se me enviam o reembolso rápido do IRS, não vá haver uma medida que o venha a congelar... um dia antes da data prevista para o envio!Upgrade your email with 1000's of cool animations

3ª - Hoje foi anunciada uma comissão para estudar a Reforma da Administração Pública. Acho que é a primeira vez que ouço falar desta ideia (não acredito que alguém a tenha tido nos últimos 37 anos em que estive de coma)! Por acaso, essa comissão não vai querer um grupo de consultores que apoie o gabinete de apoio aos seus gabinetes? Os Tunalhos disponibilizam-se!

4º - Será que vimos bem?! Primeiro pensámos que era num qualquer país africano ou asiático, mas depois, para espanto nosso, vimos cidadãos da Grande Civilização Americana a pilharem os seus conterrâneos nas zonas afectadas pelo furacão!Não queriamos acreditar, mas fomos obrigados! Digam lá " A culpa é do Upgrade your email with 1000's of emoticon icons

segunda-feira, 29 de agosto de 2005

Zezé Camarinha e a Selecção

A última campanha publicitária da Olá tem como protagonista o Zezé Camarinha, o famoso galã algarvio. Já estamos a ver uma senhora na praia: "Poxa, o Zezé, aquele Deus Grego, come gelados da Olá?Vou já comprar um Calippo, mas é que é já a seguir!”

1- A última campanha publicitária da Olá tem como protagonista o Zezé Camarinha acompanhado de senhoras, autênticos “aviões”, a comerem gelado! O famoso galã algarvio terá mesmo afirmado: “Quem me contratou, analisou bem a dimensão que tenho junto das mulheres e da juventude”. Exacto!... Também somos da opinião que a dimensão da estupidez é enorme! “Elas vão todas comer gelados, eles também e toda a gente vai comer gelados!”, afirmou o garanhão. Ó Zezé, já pensaste que (talvez, quem sabe?) o aumento do consumo dos gelados pode não dever-se a ti, mas se deverá, simplesmente, ao facto de que É VERÃO?!
Mas o coitado não desarma e acrescenta: “Tenho uma imagem muito positiva. Transmito à juventude valores – é verdade, como por exemplo, deixa cá ver… burrice?! - …e ainda os faço perceber que é normal conquistar e gostar de mulheres para não nos tornarmos aberrações”. Aberração?! Não, isto é profundo!
2- Isto só pode resultar porque estamos na Silly Season - expressão muito em voga que caracteriza bem o nosso país, não só no Verão, mas ao longo das quatro estações do ano. Para além de se querer consolidar o ridículo da pobre figura, qual será, afinal, a ideia da Olá que está por detrás deste spot publicitário, ex libris do marketing e da publicidade? Será o facto das senhoras se derreterem todas pelos gelados, tal como, supostamente, se derretem pelo predador latino, de camisa desabotoada, sapato de verniz, cabelo oleado e odor “desabrido”? Já estou a ver uma senhora na praia: “Poxa, o Zezé Camarinha, aquele Deus Grego, come gelados da Olá? Vou já comprar um Calippo, mas é que é já a seguir!”
Por acaso acreditam que as nossas mulheres admiram tanto as capacidades, qualidades, valores e personalidade do Zezé, ao ponto dos publicitários o associarem a uma marca de sucesso, a qual parece já tão bem implantada?!... Enfim, é que poderá haver mulheres que ao comerem o gelado se lembrem da figura e depois argh… começa a dar-lhes vómitos ao ponto dos maridos pensarem que estão grávidas… e a culpa é do Zezé!
Então não teria sido preferível ficar só pela publicidade da Boys Band que tem o cão Supermaxi, o Perna de Pau e o Epá? E a Barbie, não vai querer divorciar-se do Ken e substitui-lo pelo Zezé?!... Bolas, ao que este mundo chegou! Por este andar a Toy’s R’ Us ainda vai fazer uma publicidade com o Bibi.

3- Por falar em publicidade, a TMN também brindou os açorianos com bandeirinhas para o jogo da selecção. Um de nós foi ver, mas a verdade é que praticamente não viu nada. Aqui fica o relato na 1ª pessoa: ”Levei 45 minutos a entrar no estádio. Após a revista na entrada principal de acesso ao recinto, não fosse um açoriano chamar-se Sharm Al-Sheikh e levar alguma bomba escondida, seguiu-se a espera na porta de acesso ao estádio, com direito a Hino Nacional, enquanto se rasgavam os bilhetes. Finalmente entrei com 10 minutos de jogo já decorridos. Mal sentado, ao nível das pernas dos jogadores e com rede à frente, eis que aparece um vendedor a tapar-me a visão. Para apressar a venda ajudei a passar os cachecóis aos compradores das filas atrás de mim, recebi o dinheiro e até fiz os trocos. Depois o vendedor viu que o negócio estava a dar para aqueles lados e veio com bandeiras… mais tarde os bonés… sempre à minha frente.
Entretanto começaram as famosas ondas que nunca mais acabavam! Fui obrigado a deixar de ver o jogo à espera que chegasse a vez de me levantar, não fosse falhar e ser alvo de uma multidão enraivecida por lhes ter estragado a onda. No fim, sai dez minutos mais cedo para evitar o trânsito. O que me deixa feliz é que pelo menos consegui ver os golos… à noite, no resumo da televisão”.
In Azórica nº 15, Jornal dos Açores, Edição de 27 Agosto 2005

segunda-feira, 22 de agosto de 2005

Caloura - Festa do Pescador - 2005

Era só para informar que no último dia 20 de Agosto (sábado passado) os Tunalhos foram a principal atracção - segundo a opinião das nossas namoradas que não estiveram presentes - do dia de festas ao apresentarem um desfile de moda.






O espaço estava mais bonito do que o da foto!





Após uma rábula dedicada aos pescadores com a célebre música "Mintchira", roubada pelo João Pedro Pais, fomos convidado por um dos pescadores a ir um dia para o mar alto... achamos que era um convite amistoso... Mas agora já nem sabemos muito bem!
Um agradecimento especial à Câmara Municipal da Lagoa pelo convite e ao Miguel Pop por ter feito a nossa 2ª parte.

O Nobel lobotomizado

Deixem-se de americanices…vocês têm tantos prémios Nobel que nunca foram discutidos, porque é que não nos deixam ficar com os nossos dois?... Sim, porque daqui a pouco estão a dizer que deverá ser retirado o Nobel da Literatura ao Saramago por ele ser comunista… Se bem que neste caso até nem era "mau" pensado!


1- Parece que um grupo de americanos quer tirar o Nobel a Egas Moniz, já que o nosso médico, segundo eles, foi o inspirador do americano Walter Freeman que terá praticado várias lobotomias, mesmo depois de verificar que só muito poucos dos doentes registavam melhorias.
Meus amigos, dizem os entendidos que Egas Moniz terá recebido o Nobel por criar a angiografia e a leucotomia, sendo que, esta última, na verdade deixava os doentes num estado de profunda apatia. No entanto, seria mais branda do que a verdadeira lobotomia, usada pelo americano, que introduzia, imaginem, uma espécie de picador de gelo (género de filme muito ao gosto americano) no globo ocular do doente.
Faz-nos pensar… Por exemplo, os prémios Nobel americanos da Medicina - e foram bastantes durante o século passado -, não terão sido muitas das suas descobertas ultrapassadas por outras mais recentes e não terão servido muitos doentes de cobaia? E não terão contribuído para o aumento do registo de patentes e para o acesso limitado à terapêutica por parte dos que menos têm? Se sim, retirem-lhes o Nobel!
Será que os prémios Nobel americanos da Química não terão contribuído para o desenvolvimento do armamento no mundo? Se sim, retirem-lhes o Nobel!
Será que Luther King, entre outros Nobel da Paz americanos, ensinaram alguma coisa aos seus compatriotas, pretensos defensores dos direitos universais e outros que tais? Se não, retirem-lhe o Nobel!
Será que o John Nash, que também andou meio passado dos neurónios - se calhar foi um dos lobotomizados - e muitos outros prémios Nobel americanos da Economia, terão contribuído assim tanto para o bem-estar económico das outras nações que não a sua? Se não, retirem-lhes o Nobel!
E por ai fora…

2- Sendo assim, resta um americano, o único merecedor de qualquer das categorias dos prémios Nobel: Lance Armstrong, o ciclista que já venceu o Tour de France sete vezes consecutivas. Ele podia ganhar o Nobel da Física, dadas as suas provas ao nível da força e velocidade; da Medicina, porque venceu um cancro; da Química, porque venceu um cancro, com quimioterapia; da Paz, porque na bicicleta é sempre a dar-lhe “pás…pás…pás…”; da Economia, porque nas descidas economiza o esforço; e da Literatura, porque a sua vida é um romance épico extraordinário.
Portanto deixem-se de americanices, vocês têm tantos prémios Nobel que nunca foram discutidos, porque é que não nos deixam ficar com os nossos dois?... Sim, porque daqui a pouco estão a dizer que deverá ser retirado o Nobel da Literatura ao Saramago por ele ser comunista…Se bem que neste caso até nem era mau pensado!

3 – Mas os E.U.A continuam a ser a terra da liberdade e da oportunidade. A propósito, lembramo-nos de duas histórias, de dois amigos nossos que lá vivem, - um que namora com uma portuguesa e o outro com uma americana - que exemplificam a diferença de mentalidade inclusive entre as mulheres de lá e as de cá.
A portuguesa está sempre a queixar-se “Vocês homens são todos iguais, só querem levar uma mulher para a cama”. O nosso amigo, para desmentir de vez esse mito e em defesa da honra masculina, responde: “É mentira, os homens não querem só levar uma mulher para a cama, às vezes querem levá-la para o sofá, outras vezes para a mesa da cozinha e às vezes até para o chão”. Quanto ao outro, o que aconteceu foi que ele e a americana tinham combinado deixar de fumar. Só que o nosso amigo andava a fumar às escondidas, tendo em atenção o dilema que traçou: ou traía a namorada com outra mulher, ou traía-a com os cigarros. Optou pelos cigarros! O problema é que a americana teve de tomar a mesma decisão e deixou mesmo de fumar…
In Azórica nº 14, Jornal dos Açores, Edição de 20 Agosto 2005

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